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“Resistência” não sobrevive à própria ambição

Novo longa de Gareth Edwards tem alma de “Blade Runner” e corpinho de “Alita – Anjo de Combate”, mas ainda assim é um sci-fi muito recomendável em um ambiente avesso a riscos

Por Reinaldo Glioche

A ficção científica tem tudo para se beneficiar do momento de ebulição da inteligência artificial no mundo. Em 2023, alguns filmes já abordaram de maneira mais detida o fenômeno, mas “Resistência” é o primeiro a ancorar toda a sua dramaturgia nele.

Em um futuro distópico, a IA bombardeou Los Angeles e matou mais e um milhão de pessoas. Em 2065, a tecnologia está banida do Ocidente, pelo menos em sua configuração mais moderna e autônoma, mas acolhida pela Nova Ásia. São os parâmetros para que Edwards revisite a calamitosa incursão norte-americana no Vietnã, com os EUA tentando eliminar o Criador a todo custo e valendo-se de uma arma de US$ 1 trilhão denominada Nomad, mais eficaz do as mais sofisticadas IAs do outro lado do front.

John David Washington vive Josh Taylor, um militar que se infiltrou nas linhas inimigas e que acabou se apaixonando por sua informante. O personagem vive no limite entre lealdade e traição mesmo depois que sua esposa é morta em uma desastrada ação do exército dos EUA.

Há muitos pontos de inflexão em “Resistência”. Dessa lealdade maleável do protagonista, a um Messias máquina, passando pelo desenho de um ocidente bélico e agressivo, o longa de Edwards traz muitas referências, mas não se preocupa em desenvolvê-las a contento. O roteiro preguiçoso não está à altura do conceito inovador e, nesse contexto, é mais fácil sair com uma mensagem pacifista, o que o filme faz, do que tensionar as perguntas capciosas que enseja.

Visual deslumbrante

O grande mérito de “Resistência” talvez seja mesmo sua construção conceitual, o que passa pela concepção visual. O design de produção, a fotografia e os efeitos especiais são realmente notáveis, principalmente para uma produção de menos de US$ 100 milhões, algo cada vez mais raro nessa escala hollywoodiana.

Edwards merece elogios por buscar ser o ‘Blade Runner da era da IA’, mas faltou sofisticação narrativa. Embora seja certo que “Resistência” ganhará tração pelo visual arrojado, a ambição descalibrada da execução pesará contra o filme no jugo da História.

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