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Mostra “Trabalhadores” reúne 150 fotografias de Sebastião Salgado em Brasília

Agência Brasil

Mulheres e homens que criam, constroem e transformam realidades e materiais com as próprias mãos. Eles são trabalhadores e estão no eixo central da exposição do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado que está em cartaz em Brasília. A mostra “Trabalhadores” inaugura o espaço de exposições temporárias do Museu Sesi Lab, coordenado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

As vivências laborais em diversos segmentos e, também, os árduos processos manuais de produção e os dramas sociais estão retratados em preto e branco, em 150 imagens capturadas por Salgado, em viagens realizadas em seis anos, de 1986 a 1992, em projeto de registros de mão de obra ao redor do planeta.

Com 79 anos, Sebastião Salgado é nascido em Minas Gerais e radicado em Paris desde 1973. Ele explica que essas fotografias são uma espécie de investigação visual da sociedade que foi fruto da Revolução Industrial, período em que o trabalho manual foi centro da vida de diversas pessoas pelo mundo, segundo ele.

No entanto, o fotógrafo entende que houve uma mudança na organização social do trabalho, impulsionada pela intervenção da tecnologia e da informática, com a automatização de maquinários e de processos e, consequentemente, a redução de mão de obra.

Trabalhadores
Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A exposição “Trabalhadores” contou com a curadoria e design da produtora gráfica Lélia Wanick Salgado, esposa do fotógrafo e parceira dele nos projetos. A mostra fotográfica de Brasília está igualmente estruturada como no livro Trabalhadores, uma Arqueologia na Era Industrial. Lélia também a dividiu em seis capítulos.

Nos corredores da exposição, a pluralidade de imagens ilustra rotinas duras de trabalho na agricultura, nas minas e nas indústrias. Cada foto, com iluminação, ângulo e variações de cinza, preto e branco, revela o mundo do trabalho, sob a ótica de Sebastião Salgado.

No Brasil, particularmente, Sebastião Salgado congelou no tempo uma multidão de garimpeiros de Serra Pelada, na Serra dos Carajás, no Pará, que se amontoavam em escadas de madeira, com carregamentos de até 65 quilos, nas costas. O maior garimpo do país foi oficialmente fechado em 1992 e deixou uma cratera com 80 metros de profundidade e um lago poluído com mercúrio.

Outra atividade do país amplamente documentada por Sebastião Salgado foi a de trabalhadores rurais de plantações de cana-de-açúcar, em tempos do ProÁlcool, programa do governo brasileiro de incentivo à produção de álcool combustível, o etanol, para abastecimento de veículos nacionais.

Além das fronteiras brasileiras, estão retratados, entre outros ofícios, o plantio de tabaco, em Cuba; a colheita de folhas para chá, em Ruanda; a construção de navios, no estaleiro de Gdansk, Polônia; a reciclagem de metais de navios desmantelados, em Bangladesh; a fabricação de carros, na Ucrânia, e de bicicletas, na China; a extração de enxofre por operários intoxicados em um vulcão na ilha de Java, na Indonésia; a exploração de minas de carvão na Índia, por ordem da Inglaterra; o combate a incêndios em poços de petróleo no Kuwait; a pesca de atum na Sicília, na Itália; e a siderurgia na cidade portuária de Dunkerque, na França; e muitas outras atividades, em diversos destinos percorridos pelo Sebastião Salgado.

A exposição que chega a Brasília já passou por 78 endereços pelo mundo. No Brasil, as primeiras montagens foram simultâneas, em 1994, no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. A “Trabalhadores” ainda passou por Curitiba (PR) e a última vez que os trabalhos foram apresentados no país foi na sede da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), em 2014.

O arquiteto e coordenador-geral da exposição “Trabalhadores”, Álvaro Razuk, interpreta que a exposição continua atual, mesmo após cerca de 30 anos dos registros fotográficos de Salgado e quase uma década depois de ter sido vista pelo público brasileiro.

Para Razuk, os trabalhos das lentes do fotógrafo servem como documentos importantes de pesquisa. “Por um lado, eu espero que essa exposição se desatualize, mas, ao mesmo tempo, a [mostra] Trabalhadores vai ser importante como um relato histórico. Acho que o trabalho do Sebastião tem um pouco da formação dele, no jornalismo, como ele pensa, como ele fala em suas reportagens. Então, eu acho que esse acervo todo vai ter importância de memória e de documentação.”

Novo projeto à vista

Antes da abertura oficial da mostra Trabalhadores, o arquiteto das exposições de Sebastião Salgado, Álvaro Razuk, adiantou que está sendo negociado o retorno ao Brasil da nova exposição fotográfica de Sebastião Salgado no projeto Amazônia, idealizada pela curadora das imagens, Lélia Wanick Salgado.

Segundo Álvaro Razuk, novas edições da exposição Amazônia poderão ser agendadas para 2024 e, possivelmente, para novembro de 2025, durante a realização da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.

A exposição exibirá o resultado de sete anos de expedições fotográficas na Amazônia brasileira. As fotografias foram feitas por terra, água e ar e retratam a transformação da Amazônia, com degradação da floresta e falta de proteção de territórios e povos indígenas.

Em 2022, a exposição já teve edições no Sesc Pompeia, na capital paulista, e no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

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