O lançamento do novo álbum de Luísa Sonza ocorre em 29/08, mas os singles revelados já demonstram sua disposição à autoanálise e ao compêndio do hate que pauta sua relação com as redes sociais
Redação Culturize-se
Existe uma clara aversão à maneira como cantoras populares como Anitta e Luísa Sonza cantam sobre sexo. Não é sobre cantar sobre sexo em si, nem sobre a qualidade duvidosa de boa parte das músicas, mas sobre a liberdade que expressam em um universo povoado por MCs que não conseguem atingir o mesmo êxito.
O caso de Luísa Sonza, que lança seu novo álbum no dia 29 de agosto, é ainda mais peculiar. É como se sua carreira se resolvesse em torno do hate que recebe – desde a separação do influencer Whindersson Nunes até acusações de racismo. Para um artista de apenas 25 anos e com uma discografia enxuta é uma carga pesarosa para se carregar. Mas, ao menos do ponto de vista do marketing, ela faz uma ótima limonada com esses limões.
Não à toa o primeiro single e videoclipe divulgados de “Escândalo Íntimo” foi “Campo de Morango”, que suscitou protestos vorazes nas redes sociais entre acusações de satanismo e a corriqueira virulência sexual. Para um disco anunciado como “uma viagem ao interior da artista”, trata-se de uma irresistível contradição.
As 26 faixas descritas como autorais permeiam angústias e inseguranças de Luísa Sonza e buscam algum amparo psicanalítico na arte. Ou seja, as agruras da fama, as interlocuções com os fandons e as próprias expectativas sustentam um trabalho que visa tanto o choque quanto à compreensão.
É um pathos artístico legítimo e oportuno e que ganha mais intertextualidade com o lançamento de “Principalmente me Sinto Arrasada”, segundo single do disco, que aborda uma crise de ansiedade e navega entre decepções e dúvidas.