Redação Culturize-se
Este mês de agosto marca 20 anos desde que o Skype entrou em cena, mas talvez não haja muito o que comemorar.
O serviço de mensagens de voz e vídeo, outrora um fenômeno nos anos 2000, teve duas décadas tumultuadas, desde mudanças de propriedade em seus anos iniciais até uma diminuição na participação de mercado nos últimos tempos, à medida que o Zoom substituiu o Skype como o lugar preferido para fazer chamadas pela internet.
Os fundadores do Skype, que anteriormente construíram o Kazaa, lançaram o serviço de chamadas por voz em 29 de agosto de 2003. “Temos uma grande ambição com o Skype: torná-lo a empresa telefônica global”, disse o co-fundador Niklas Zennström ao New York Times em 2003.
Embora tivessem um produto empolgante para compartilhar com o mundo, nos bastidores muito estava mudando. Menos de dois anos após o lançamento, o eBay adquiriu a empresa por US$ 2,6 bilhões, quando tinha cerca de 54 milhões de usuários.
A aquisição causou surpresa. A então CEO do eBay, Meg Whitman, imaginou compradores e vendedores falando pelo Skype para finalizar vendas, mas nem todos ficaram convencidos. O Skype prosperou nas comunicações pessoais entre familiares e amigos, mas não emplacou no ambiente de negócios.
Sem uma maneira clara de aproveitar a crescente popularidade do Skype e transformá-lo em um gerador de receita, o eBay vendeu uma participação majoritária na empresa para um grupo de investidores. O acordo de 2009 avaliou o Skype em US$ 2,9 bilhões.
Apesar das mudanças de propriedade, o Skype atingiu mais de 500 milhões de usuários graças a algumas jogadas inovadoras.
Em 2005, lançou as chamadas de vídeo. Hoje, conectar-se por chamadas de vídeo é algo que damos por certo, mas em 2005, isso tornava o Skype único. Ele até atingiu o cume do branding de tecnologia para o consumidor; tornou-se um verbo: “Eu vou te Skypear”. Não confunda com o stalkear, que surgiu alguns anos depois.
Após o lançamento do iPhone em 2007, o tom em torno das mensagens começou gradualmente a mudar. Logo surgiram aplicativos de mensagens para smartphones, como WhatsApp e Viber. Sem mencionar a chegada do FaceTime em 2010.
De repente, o Skype não era mais tão único no mercado e não estava inovando no mesmo ritmo.
Foi em 2011 que o Skype veria sua propriedade mudar novamente, com a Microsoft pagando impressionantes US$ 8,5 bilhões por ele. A quantia indicava um interesse maior em suas capacidades, com a Microsoft confiante de que poderia explorar a participação de mercado e o reconhecimento da marca do Skype na década seguinte.
A Microsoft agiu mais rapidamente em relação às capacidades do Skype do que o eBay. Ela incorporou funções do Skype no Xbox e o pré-instalou no Windows. Nesse momento, o Skype finalmente lançou versões completas para iOS e Android do software, incluindo chamadas de vídeo, e se integrou ao Facebook.
Talvez um novo fôlego tenha sido injetado no Skype, mas ele estava agora em um ambiente mais competitivo do que nunca e gradualmente perdeu participação de mercado para os novos concorrentes. O WhatsApp estava crescendo rapidamente; ao mesmo tempo, o Zoom estava conquistando cada vez mais usuários.
Entre a pandemia e inteligência artificial
No início de 2020, quando os primeiros bloqueios da Covid-19 entraram em vigor, o Skype deveria estar em posição de aproveitar a situação. De repente, uma grande parcela de usuários precisava de um software confiável para chamadas de vídeo ou voz, tanto para trabalhar quanto para entrar em contato com entes queridos. Mas o Zoom realmente aproveitou esse momento, enquanto a Microsoft direcionava sua atenção para seu outro produto, o Teams, na tentativa de competir com Zoom e Slack.
Zoom e Teams agora dominavam as comunicações no ambiente de trabalho para os trabalhadores remotos. Por outro lado, o FaceTime e o WhatsApp passaram a definir as comunicações mais pessoais entre familiares e amigos.
Em 2020, a Microsoft afirmou que o Skype contava com 40 milhões de usuários, uma diferença significativa em relação às centenas de milhões de usuários que ele ostentava uma década antes. Enquanto isso, as menções ao Skype ficaram escassas nas teleconferências de ganhos da Microsoft. Agora, o protagonista era o Teams.
Falando em uma conferência em junho, o executivo da Microsoft, Yusuf Mehdi, afirmou que o Skype ainda possui uma “base de fãs muito leal”.
O próximo capítulo do Skype, como muitas coisas nos dias atuais, pode ser definido pela IA, com a Microsoft integrando seu chatbot Bing ao Skype. Se isso revitalizará o Skype à medida que ele entra em sua terceira década ainda não dá para precisar.
O Skype pode não ter revolucionado a indústria de telecomunicações como imaginou há 20 anos, mas teve influência na popularização das chamadas de vídeo.