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Mitológica e vulnerável, Iza triunfa em álbum cheio de bem-querer

“AFRODHIT” traz colaborações com nomes quentes de diferentes cenas da música brasileira e ajuda a dimensionar o tamanho de Iza na vigente configuração da MPB, mas é antes de qualquer coisa um álbum de uma artista que persegue seus propósitos

Por Reinaldo Glioche

“Parte importante do processo desse disco foi entender que nem tudo que te faz vulnerável você quer compartilhar”, diz Iza em entrevista coletiva para divulgar seu 2º álbum, “AFRODHIT”, a qual Culturize-se participou. A cantora disse que até era sua intenção recorrer à mitologia – Afrodite é a deusa do amor, da beleza e da sexualidade na Grécia antiga -, mas seu objetivo principal era reverenciar a mulher esquisita e atrapalhada que habita dentro dela e de todas as outras mulheres.

“Eu não sei a idade de vocês, mas eu costumava ver bastante aquele filme ‘Splash – uma Sereia em Minha Vida’ (1984) na Sessão da Tarde e trouxe muito do que a aquele filme despertava em mim para o álbum”, observa Iza. “Outras influências são ‘Cocoon’ (1985) e ‘Bacurau'”.

Iza
Foto: Divulgação

O fluxo de gêneros e sonoridades, do funk ao reggae, potencializa o dínamo vocal de Iza e seu talento para navegar pela universalidade da música brasileira. A sensual “Fiu-Fiu” em que canta “um moreno misterioso que passa assim gostoso” em dueto com L7nnon sucede a historinha musicada “Terê”, sobre a “peculiar tia Teresa” com um bem sacado sample de “Tereza Guerreira”, de Antonio Carlos & Jocaf.

É nesse ritmo que Iza flui divina pelas 13 faixas, todas gloriosas e aveludadas com sua voz e potência. Entre as participações vale destacar ainda King, um talento promissor da Baixada Fluminense, em “Boombastic”, um resgate do hiphop dos anos 2000, e Djong no R&B “Sintoniza”, em que desnecessário dizer, Iza se sente em casa.

Na entrevista, Iza comentou que o disco tem caráter pessoal – o que fica claro em faixas como “Nunca Mais”, “Que se Vá” e “Bonzão” -, mas que é importante entender que elas só ganharam vida porque ela vive uma boa fase, como mulher, como cantora, na cama, na vida e no todo. Aceitar a própria vulnerabilidade, algo tangenciado nas referências, e acolher artistas que podem melhorar sua arte demonstram maturidade artística de uma cantora que sabe que toda mulher carrega um poço de contradição em si e que a beleza está nos detalhes. “Eu sou favorável às pessoas se expressarem artisticamente”, sacramenta a Afrodite da música brasileira.

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