Negócio tem como objetivo fortalecer o portfólio da Kering, que tem atuado para se transformar em uma referência no mercado de luxo
Redação Culturize-se
A empresa Kering, proprietária de marcas como Gucci e Balenciaga, está adquirindo 30% da Valentino, uma prestigiada marca de moda italiana fundada em 1959, por € 1,7 bilhão em dinheiro. Essa participação pertencia ao fundo Mayhoola, do Qatar, que havia comprado o negócio há mais de 10 anos. Como parte do acordo, a Kering terá um assento no conselho da Valentino e também a opção de assumir o controle total dentro de cinco anos. O Mayhoola é o veículo de investimentos liderado pela xeique Moza bint Nasser al-Missned.
A transação é apresentada como o início de uma “ampla parceria” que pode levar o fundo Mayhoola a assumir uma participação na própria Kering. A empresa francesa rivaliza no mercado de grifes de luxo com a LVHM, mas tem ficado atrás, pelo menos em termos de vendas. No ano passado, a Kering faturou € 20,4 bilhões, enquanto a LVHM alcançou uma receita de € 79,2 bilhões.
A Valentino, criada pelo estilista italiano de mesmo nome, possui 211 lojas em todo o mundo e registrou um faturamento de € 1,4 bilhão no ano passado. O fundo qatari adquiriu a marca em 2012 por € 700 milhões, oito vezes menos do que o valor da venda atual, que é de US$ 5,6 bilhões. Na época, a Valentino estava sob o controle do fundo de private equity Permira. Outra marca de luxo no portfólio do Mayhoola é a francesa Balmain, adquirida em 2016.
François-Henri Pinault, o chairman e CEO da Kering, descreve a Valentino como uma marca única, sinônimo de beleza e elegância. Essa aquisição ocorre num momento desafiador para a Kering, que tem enfrentado dificuldades nos últimos anos para recuperar as vendas de sua marca mais emblemática, a Gucci. No segundo trimestre, as vendas do grupo francês cresceram apenas 3%, metade do esperado pelos analistas, e no mercado norte-americano, houve uma queda de 23% no faturamento. Enquanto isso, a LVMH, dona da Dior e da Louis Vuitton, registrou um avanço de mais de 20% nas vendas globais no mesmo trimestre.
De acordo com analistas, a aquisição da Valentino pode agregar valor à Kering, da mesma forma que aconteceu com a compra da Yves Saint Laurent no passado. No mercado de ações, a Kering está avaliada em € 67 bilhões na Bolsa de Valores de Paris, enquanto a concorrente LVHM possui uma avaliação de € 430 bilhões.
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Por dentro da Kering
A Kering é uma das principais empresas do setor de moda e luxo, abrigando um prestigiado portfólio de marcas como Gucci, Saint Laurent, Balenciaga, entre outras. Entretanto, a empresa não está imune a críticas dentro da indústria da moda.
A crítica direcionada à Kering concentra-se em duas questões principais: sustentabilidade e questões trabalhistas. Embora a empresa tenha feito avanços significativos em relação à sustentabilidade, com o lançamento de sua estratégia “Crafting Tomorrow’s Luxury”, ainda há desafios a serem enfrentados.
Muitos críticos argumentam que a Kering não está fazendo o suficiente para minimizar seu impacto ambiental. Embora metas ambiciosas de redução de emissões de carbono e consumo de água tenham sido estabelecidas, algumas vozes alegam que elas não são suficientemente ousadas para enfrentar as crescentes preocupações ambientais.
Outra crítica diz respeito às condições de trabalho em sua cadeia de suprimentos. Embora a empresa tenha implementado diretrizes rigorosas para garantir condições de trabalho justas e seguras, há relatos de violações por parte de fornecedores terceirizados.
Além disso, a Kering também enfrenta críticas em relação à representação inadequada da diversidade e inclusão em suas campanhas de marketing. Embora esforços tenham sido feitos para aumentar a representatividade de grupos sub-representados, como modelos de diferentes origens étnicas, ainda há um longo caminho a percorrer para que a Kering seja vista como líder nessa área.
