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O ocaso do metaverso

Redação Culturize-se

Lembra do metaverso? Pois é, só se fala em outra coisa. Mais especificamente em inteligência artificial. Se as IAs vão ajudar a revitalizar o decadente metaverso, o tempo dirá, mas é notável o esfacelamento do conceito que até outro dia empolgava os poderosos do Vale do Silício.

Foto: Divulgação/Meta

O metaverso pode ser descrito como um espaço virtual persistente, que reúne em um mesmo ambiente diversas interações e experiências em tempo real. É um universo on-line que se integra ao mundo físico, possibilitando a interação de usuários em diferentes lugares do mundo, em diversas plataformas, e oferecendo uma gama ampla de possibilidades para o entretenimento, a educação, as relações sociais e o trabalho.

A principal expectativa inerente ao metaverso, claro, é a integração de tecnologias de realidade virtual e aumentada e o aumento do uso de avatares e mundos virtuais. Não é difícil entender o motivo disso: o metaverso promete oferecer um mundo virtual alternativo com possibilidades quase infinitas de exploração, e a possibilidade de se criar uma nova economia global baseada em atividades virtuais.

Muitas empresas ainda acreditam no potencial do metaverso e investem no seu desenvolvimento, como Microsoft e Epic Games. A Meta lidera esse movimento, mas já com menor intensidade do que há dois anos. Marcas como McDonald’s, Nike, Gucci, Balenciaga e Renner já exploram, com variado grau de interesse, o metaverso em suas estratégias de negócio.

É a economia, estúpido!

O metaverso tem sido discutido como uma nova fronteira do capitalismo, com a possibilidade de criação de novos empregos e novas formas de geração de renda. No entanto, a forma como a economia do metaverso será estruturada e como as relações trabalhistas serão estabelecidas ainda é uma incógnita. E com empresas de tecnologia e startups voltando-se para o mercado de IAs, a tendência é que essa incógnita se transforme em um limite empiricamente instransponível.

Outro ponto essencial é a estrutura tecnológica que viabilizaria o metaverso em uma escala, digamos, socialmente efetiva. A capacidade de processamento e armazenamento de dados, ainda é limitada e aprimoramentos significativos seriam necessários para que o metaverso se tornasse uma realidade ampla e acessível. O alto custo e a complexidade da infraestrutura necessária para que o metaverso seja aplicado em larga escala, em oposição à facilidade do desenvolvimento de IAs disruptivas e cada vez mais sofisticadas, favorecem o esfriamento do interesse pelo metaverso.

(Sem) sentido

Se o tema já empolgou mais o Vale do silício e Wall Street, jamais entrou no radar do homem comum – e novamente a comparação com as IAs é desfavorável ao metaverso. A resistência cultural por parte de usuários que não veem valor nesse tipo de inovação é algo que parece cada vez mais enraizado. Além disso, há aqueles que provavelmente teriam medo de se distanciar demais da realidade e se tornar dependentes demais do ambiente virtual.

Questões regulatórias, de privacidade e segurança de dados são ainda mais complexas no campo do metaverso do que das já citadas IAs. Outro ponto é que a tecnologia ainda é muito centralizada, embora se anuncie como descentralizada. Um descompasso com as experiências digitais modernas.

Como se pode observar, o contrassenso pauta a jornada do metaverso e embora não seja possível dizer que o conceito está fadado ao fracasso, parece certo que o metaverso hibernará por um bom tempo. Talvez seja dessas inovações que surgem de tempos em tempos na época errada.

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