O que esperar de um futuro do qual muitos não conseguem precisar no que exatamente consiste o presente? Entenda como mercado financeiro e as big techs enxergam essa realidade ainda muito alternativa
Por Nathan Vieira
Considerando a popularidade crescente, é muito provável que você já tenha ouvido falar do metaverso. Trata-se de um ambiente virtual imersivo construído por meio de diversas tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada e hologramas. O termo conquistou fama por conta da Meta, a empresa por trás do Facebook.
Em carta divulgada ao público, Mark Zuckerberg (fundador do Facebook) chegou a detalhar o mundo virtual que a empresa espera construir: “No metaverso, você será capaz de fazer quase tudo que você possa imaginar – reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar – bem como ter experiências completamente novas que realmente não se encaixam em como pensamos sobre computadores ou telefones hoje.”
O entusiasmo a respeito do que pode ser o futuro da tecnologia já esteve estampado em muitas empresas e muitas celebridades, como o próprio Bill Gates, por exemplo, que chegou a declarar que, daqui a três anos, a maioria das reuniões de trabalho acontecerá no metaverso.
No entanto, nem só de defesas vive o metaverso. Tim Cook, CEO da Apple, reagiu com ceticismo em relação ao projeto. Em entrevista ao jornal holandês RTL, o executivo declarou que a ideia é algo difícil de se concretizar, principalmente com a percepção de que, de modo geral, as pessoas não sabem exatamente o que é metaverso. “Eu sempre penso que é importante que as pessoas entendam o que uma coisa é. E eu não estou realmente seguro de que as pessoas comuns conseguem dizer o que é metaverso”, o executivo chegou a dizer.
“A realidade virtual é algo em que você pode realmente mergulhar. E isso pode ser usado de um jeito positivo. Mas não acho que você queira viver a vida desse modo. VR é para períodos definidos, mas não é uma maneira de se comunicar bem. Então, eu não sou contra isso, mas é assim que penso”, posicionou o CEO da multinacional.
A bolha do metaverso vai estourar?
Mas o que o cenário nos diz? Qual a projeção para essa realidade tão diferenciada? Quem nos faz essa análise é o programador e empreendedor Daniel Scocco, entusiasta do universo cripto. “Não sei se estamos vivendo uma bolha do metaverso. De qualquer forma, já houve uma valorização, pelo menos no mundo de cripto e web 3. Existem muitos projetos indo atrás desse metaverso, querendo criar mundos virtuais com economia, que se possa comprar e vender itens digitais. Dois exemplos seriam Decentraland e The Sand Box”, aponta.
“De certa forma já houve uma valorização dessas moedas, desses projetos, e consequente desvalorização. Não dá para dizer se essa desvalorização foi porque o pessoal passou a acreditar menos ou simplesmente só acompanhou o resto do mercado cripto que teve uma correção. É difícil dizer”, pontua o empreendedor.
Na visão de Scocco, Tim Cook parece estar mais certo que Mark Zuckerberg: “O próprio mercado parece estar sinalizando isso, punindo as ações do Facebook. A longo prazo, porém, que eu definiria em 20, 30 ou 40 anos, a tese do Zuckerberg pode fazer mais sentido. É provável que venha a surgir algum mundo virtual ou até mesmo mais de um, porque eu acho que é da natureza do ser humano fugir da realidade.”
O que esperar desse futuro?
Para o programador, os principais desafios enfrentados pelo metaverso envolvem a melhoria das tecnologias, principalmente no que diz respeito à realidade virtual, e na democratização do hardware, considerando que o acesso hoje em dia ainda é muito restrito e concentrado em um nicho. Um segundo ponto seria a necessidade de achar usos mais práticos e que resolvam problemas reais para que se popularizem essas tecnologias, como seria o caso da área da educação, por exemplo.
Questionado sobre o papel dos criptoativos nisso, Scocco aponta que as criptomoedas e os projetos de metaverso no mundo cripto corroboram o fato de que existe interesse nisso por parte dos usuários e investidores, mas que também não é nada de curto prazo. “Eu acho que as criptomoedas vão ajudar a tese do metaverso, porque elas permitem, em primeiro lugar, que os usuários sejam também donos desses projetos. O ponto agora é continuar de olho e ver qual projeto vai ganhar mais valorização”, estima.
Por fim, o programador nos traz algumas dicas: “Se você tem interesse de fato e está pensando em investir, vivencie. Crie um usuário, participe desses mundos, veja o que é legal, o que não é, e somente após isso, veja se faz sentido investir.”