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Códigos de luxo na moda são ressignificados nas ruas

Em tempos de São Paulo Fashion Week, é oportuno abordar o conceito metamorfoseado de luxo nas ruas pelas novas gerações e pelas diferentes classes sociais

Redação Culturize-se

A São Paulo Fashion Week, conhecida como SPFW, um dos principais encontros de moda e que faz parte de uma franquia mundial que também ocorre em Paris, Milão, Nova York e Londres, está entre nós. A Fashion Week é o evento mais importante da moda na América Latina, onde renomados estilistas e artistas de todo o mundo apresentam suas criações.

Esse universo da moda vai além das roupas, pois revela também joias escondidas nos penteados, maquiagem, indústria de calçados e artigos de luxo. A SPFW acontece duas vezes por ano na cidade de São Paulo: a 55ª edição apresenta a coleção outono/inverno de 25 a 28 de maio, enquanto a 56ª edição com a coleção primavera/verão está prevista para acontecer entre 16 e 20 de novembro.

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O luxo também é uma questão de percepção | Foto: Pexels

Paulo Borges, diretor criativo da SPFW 2022, revela que a Semana de Moda tem um custo de aproximadamente R$10 milhões, sendo totalmente financiada por patrocínios, sem o uso de leis de incentivo.

Desde sua primeira edição em 1993, o evento tem uma sede principal, localizada desta vez no Komplexo Tempo, na Mooca, em São Paulo. No entanto, toda a cidade se transforma em uma grande passarela, pois a moda é vivida e respirada em todo o Brasil. Em 2022, a SPFW foi aberta ao público em geral pela primeira vez, enquanto nas edições anteriores apenas pessoas com conexões com as marcas e expositores tinham acesso.

As vibrações do luxo

Apesar de as vibrações do luxo e da moda serem exibidas nas passarelas da Fashion Week, o acesso a esse universo não é igual para todos, como é o caso das favelas, conforme confirmado por TRiXXiE, uma influenciadora e artista de moda nascida na zona sul de São Paulo. Aos 24 anos, a criadora de conteúdo é modelo e proprietária de um brechó. Ela trabalha com grandes revistas de moda e veste pessoas de diversas origens sociais, desde as mais ricas até as mais marginalizadas. Ela tem na loja de segunda mão especializada em moda dos anos 2000 uma uma fonte de renda.

Para TRiXXiE, o luxo varia de acordo com as camadas sociais. Ela comenta que não consegue entender exatamente o que é luxo para alguém da classe alta, pois praticamente tudo que eles têm seria um grande luxo para ela, que está em uma posição social menos privilegiada. No entanto, ela destaca que certos elementos, como tranças ou tênis de marcas famosas, são considerados luxo em seu círculo social. Ela enfatiza que o conceito de luxo é diferente à medida que se avança nas camadas sociais e que o que é considerado luxo para ela pode não ter o mesmo significado para pessoas com maior poder aquisitivo.

Um exemplo dos novos códigos de rua são os bonés e camisetas do time de beisebol Yankees, que se tornaram um fenômeno cultural no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. No entanto, cerca de 98% dos brasileiros não sabem que se trata de uma equipe da Major League Baseball. Essa popularidade se deve ao senso de pertencimento e ao aspecto luxuoso associado a marcas. A cultura da internet tem influenciado essas novas preferências.

Mariana Carreón, Diretora de Planejamento Estratégico da another, uma agência de serviços, explica que o conceito de luxo vai além do alto custo e do privilégio. Ele se baseia em três camadas: construção material, simbólica e busca por propósito. Mesmo durante restrições, o luxo continua sendo importante para os consumidores. Após períodos de liberdade, ocorre um aumento no consumo. Embora a capacidade econômica possa estar sob tensão, as pessoas continuam aspirando a melhorar seus estilos de vida.

Boné do time de baseball New York Yankees | Foto: Reprodução/Amazon

A equipe de planejamento da another realizou uma pesquisa para entender a indústria da moda e do luxo. Eles entrevistaram pessoas da geração Z, fizeram uma análise das perspectivas de luxo nas redes sociais em vários países da América Latina e analisaram relatórios, artigos, estudos de caso e tendências. A pesquisa mostra que a geração Z percebe o luxo e o status como algo intangível, relacionado à experiência e ao que está dentro deles. Além disso, uma parcela considerável de compradores prefere artigos de alto padrão sem logotipos visíveis.

O luxo se tornou um tema transversal, adquirindo um novo significado. Deixou de ser apenas um símbolo de status ditado pelas marcas e tornou-se um luxo inspirador e consciente, que busca equilíbrio e conexão com propósito. Hoje, a moda e o luxo vão além das passarelas, adaptando-se ao asfalto e à comunidade. As marcas e os especialistas em marketing precisam estar atentos às tendências e ao que os consumidores realmente desejam.

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