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SOMOS O PAÍS DOS NEPO-BABIES!

Edson Aran

Os americanos estão de treta com os nepo-babies.

Mas o que é um nepo-baby?

Onde ele vive?

Como se reproduz?

Bem, vamos lá. Nepo-Baby é uma abreviação de Nepotism-Baby. O filho do nepotismo. Parece até aquelas continuações que Hollywood fazia no tempo do cinema a vapor: “O Filho do King Kong”, “O Filho do Alien”, “O Filho do Star Wars”.

Lembra? Claro que não, né? Ainda bem. A memória atrapalha a batalha e é por isso que Los Angeles reclama dos nepo-babies, mas premia a Jamie Lee Curtis, que é filha da Janet Leigh com o Tony Curtis. Mais nepo-baby, impossível. E olha que eu adoro a Jamie Lee desde o tempo em que ela corria do Michael Myers em “Halloween”.

Aqui no Brasil a gente a-ma um nepo-baby. Olha Brasília. Só tem clã. Da direita pra esquerda, os Bolsonaro, os Sarney, os Tatto. Quem mais?

A coisa tem raízes históricas. Afinal, o nosso nepo-baby mais famoso é o próprio “pai da pátria” Dom Pedro I, que só virou imperador porque era filho de Dom João VI. Se tivesse mandado currículo pro RH, será que ele chegaria à entrevista de emprego?

“Você tem algum parente que trabalhou ou trabalha nesse país?’

“Hã… meu pai, mas ele já saiu…”

“E qual é a sua pretensão na empresa?”

“Botar a coroa na minha cabeça antes que algum aventureiro o faça!”

“Sei, sei. E você tem alguma experiência anterior em comandar impérios?”

“Não, mas eu sou dedicado e gosto muito de aprender. Tô até pensando em arrumar uns coachs, talvez com o Napoleão Bonaparte…”

“Sei, sei. E onde você se vê daqui cinco anos?”

“Na cama da marquesa de Santos, içaaaa!”

“Ah, ok, muito obrigado, o RH vai entrar em contato com você, tá? Próximoooo!”

Nossos nepo-babies são festejados, endeusados e idolatrados. Especialmente na área cultural, mas se eu começo a citar árvores genealógicas, encho sozinho esse Culturize-se.

Deixa assim.

Mas digamos que, hoje em dia, um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, e vindo do interior tem pouquíssima chance de se dar bem. Pouquíssima.

Olha a Anitta, por exemplo.

A Anitta é bonita, gostosa e talentosa, mas deixa ela bater na porta da “MPB” pra ver uma coisa…

“A senhorita é filha de quem mesmo?”

“De ninguém, eu sou mais eu!”

“Nenhum primo tropicalista?”

“Não”.

“Nenhum avô na Bossa Nova?”

“Não”.

“Sobrenome da família em capa de dicionário? Tem?”

“Também não”.

“Assim fica difícil, minha querida. Me dá licença que você está atrapalhando a fila. Próximoooo!”

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