Redação Culturize-se
De acordo com uma pesquisa realizada pela Kantar Ibope e IAB Brasil, em 2022, dispositivos móveis foram responsáveis pela maioria da publicidade digital, representando 77% da veiculação, enquanto PCs corresponderam a apenas 23%. O relatório revelou que a receita total com publicidade digital cresceu 7%, chegando a R$ 32,4 bilhões, em comparação com R$ 30,2 bilhões no ano anterior.
Em termos de faturamento por dispositivo, a publicidade móvel alcançou uma receita de R$ 25 bilhões em 2022, enquanto PCs geraram R$ 7,4 bilhões em receita. É importante ressaltar que 67% da receita total com publicidade digital foi gerada através de agências de publicidade, totalizando R$ 21,7 bilhões, enquanto as campanhas realizadas diretamente nas plataformas representaram 33% da receita, totalizando R$ 10,6 bilhões.
Quanto aos formatos, as campanhas que utilizam imagens (fotos ou gifs) lideram com 35% das ações, seguidas por campanhas em motores de busca (28%) e vídeos online (7%).
Em relação aos canais, as redes sociais são o principal meio de veiculação, representando 53% das ações, seguidas pelos motores de busca (28%) e plataformas de publishers – sites e portais de notícias (19%).
É importante notar que o termo “motor de busca” aparece duas vezes, uma vez como formato e outra vez como canal.
Ao analisar a divisão da receita de 2022 por categorias, o investimento em campanhas com imagens totalizou R$ 11,3 bilhões, em busca foram investidos R$ 9 bilhões, e em vídeos foram investidos R$ 7 bilhões. No que diz respeito aos canais, as redes sociais responderam por R$ 17 bilhões do faturamento, os motores de busca por R$ 9 bilhões, e os publishers e outros canais por R$ 6,1 bilhões.
Os setores que mais investiram em publicidade digital em 2022 foram o comércio, representando 24% do total (R$ 7,7 bilhões), seguido pelos serviços, com 22% (R$ 7,1 bilhões). O setor de mídia aparece em terceiro lugar, com apenas 8% (R$ 2,5 bilhões), seguido pelas finanças, com 7% (R$ 2,2 bilhões), e eletrônicos, com 6% (R$ 2 bilhões).
Dentro do setor de comércio, as grandes varejistas foram responsáveis por 42% do investimento em publicidade digital, enquanto os supermercados contribuíram com 8%. No setor de serviços, as vitrines virtuais (26%), que utilizam o recurso de click-to, onde o usuário clica e é direcionado para a loja online, tiveram um papel significativo, juntamente com escolas e universidades (18%). No setor de mídia, a mídia digital e o conteúdo digital representaram 80% dos investimentos, seguidos pela mídia impressa e conteúdo impresso (18%). No setor de finanças, os gastos foram direcionados principalmente para o aspecto institucional das empresas (49%), dividindo-se com produtos (51%), como cartões e ofertas de crédito. No setor de eletrônicos, os gastos foram distribuídos entre aspectos institucionais (25%), softwares e sistemas (24%) e dispositivos móveis (22%).
Embora não tenha sido listado como um dos principais investidores em publicidade, o segmento de beleza foi aquele que apresentou o maior crescimento no orçamento, com um aumento de 85% em comparação com 2021, impulsionado pelo aumento das campanhas de higiene pessoal e beleza. Por outro lado, o setor imobiliário registrou uma queda de 65% nos anúncios.
Perspectivas para publicidade móvel
No contexto global, as preocupações econômicas que levaram as empresas a adotar cortes orçamentários devem continuar. É previsto que as empresas adotem uma abordagem baseada em desempenho, com orçamentos reduzidos, o que forçará os anunciantes a limitarem seus gastos com publicidade e a trabalharem com métricas e dados concretos. Priorizarão soluções tecnológicas que permitam rastreamento e otimização rápidos de suas campanhas publicitárias, a fim de aumentar os investimentos em criativos e fontes de tráfego que demonstrem melhor desempenho.
As dificuldades econômicas atuais refletem-se na contínua mudança em direção aos investimentos online, e espera-se que as pessoas continuem migrando em massa para plataformas digitais. As plataformas que conseguirem otimizar o alcance com menos recursos, utilizando tecnologia e novos formatos de mídia, certamente ajudarão as marcas a conquistar novos consumidores.
Com o aumento das leis e regulamentações de privacidade, o uso de dados de terceiros continuará sendo uma questão relevante em 2023. A prática conhecida como “walled gardens”, em que os usuários são mantidos dentro de uma determinada plataforma para coleta de dados, prevalecerá, o que representa uma má notícia para os publishers, que estimam perder US$10 bilhões em receita de anúncios. Há, ainda, o incalculável impacto que a inteligência artificial irá acarretar no setor.
É crucial que os anunciantes não confiem exclusivamente em uma única fonte de tráfego, mas também invistam em publicidade contextual e permitam que players menores assumam a propriedade dos dados de seus consumidores, levando em consideração a crescente rigidez das leis de privacidade do usuário.