Patrícia Froelich
Difícil definir o que é saúde, costumamos pensar nela ao passo que nos falta, quando uma doença ou debilidade nos acomete e/ou atinge alguém próximo/a. Escrevo esta coluna sentindo as mazelas de uma infecção auricular e refletindo como é importante não ter dor e poder fazer tudo sem restrições. Muitas doenças têm a ver com a somatização do estresse, mas é inegável as influências físicas. Minha tese doutoral¹ versou sobre saúde, corpo e trabalho e lembro de tatear o conceito de saúde por diversos meses. A terminologia em relevo apresenta mais de um contorno, com conceitualizações cujo recorte se alicerça em matizes culturais, científicas e geracionais.
Quando alguém questiona sobre nossa saúde e quanto ela vale, costumamos responder ‘que não tem dinheiro que pague’, nessa, portanto, o capitalismo não venceu. A vitalidade não tem preço! Logo, saúde também é uma riqueza, está entre as coisas que mais desejamos para quem amamos. Como dito, é desafiador conceitualizar, pois remete a aspectos não visíveis como saúde mental e funcionamento de órgãos internos. A dor e a doença são termômetros para dizer que algo não está bom em nós. Outrossim, tem doenças que quando dão seus sinais já é tarde para providências. Logo, saúde é algo raro e frágil, precisa ser cuidado com constância. Ao escrever as linhas pregressas me lembro dos check ups que preciso fazer, bem como coloco uma lupa sob aspectos da minha vida que estão inadimplentes. Assim sendo, a presente coluna é um lembrete: sua saúde é muito importante e lhe cabe nutri-la.
Sabemos que a sociedade moderna tende a equivaler a saúde com padrões de beleza. Mas atenção porque a magreza não é sinônimo de higidez. Se cuide ainda este mês, pois, manter a casa limpa dá menos trabalho que faxinar o caos. Cuidado com os excessos: de tela, de trabalho, de comida industrializada, de estresse, de sedentarismo, de álcool, de reclamações… Já dizia o cantor que “viver é uma paixão do início, meio ao fim” e nos cabe colecionar boas memórias e outorgar ao planeta nosso melhor possível.
Faz sentido para você refletir acerca de saúde? Como você definiria a sua? O que você consegue fazer para melhorar seu corpo físico, mental, energético e espiritual? Como dar mais atenção e cuidado para você mesma/o? O que te deixa extasiada/o de prazer e alegria e como incluir esses elementos em sua rotina? Julga importante os autocuidados? Sobre esses últimos, quais que você realiza com disciplina e constância? Tu atua na promoção de saúde para as pessoas do seu entorno? Se hoje você descobrisse uma doença terminal, estaria satisfeita/o com seu legado construído?
Quando pensamos em saúde feminina várias questões borbulham em adjacência, como saúde reprodutiva, equidade de trabalho, relações familiares e interpessoais saudáveis, segurança em locais domésticos e públicos, entre outros. Como dito, o significado de saúde tem muitos recortes e atravessamentos. O dever do aparelho público é garantir qualidade de vida para a população, no entanto há muitas lacunas entre o dito e o feito.
Atravessamos uma pandemia e será que aprendemos seus ensinamentos sobre a vida, cuidados e bons hábitos? Na pandemia da Covid-19 sentimos falta dos abraços, mas passamos a abraçar mais nossa família, amigas/os e colegas? O que aprendemos com nossos erros (individuais e sociais)? Fazemos nossa parte quando o assunto é zelar e cuidar de nós e os demais? Quem é responsável por cuidar e nutrir? Enquanto indivíduos, como avançamos no quesito saúde? E enquanto sociedade, quais ações podemos fomentar pelo bem comum? Saúde também é questão pública, porque falamos dela apenas como uma redundância pessoal? Deixo, como de praxe, várias questões para seguirmos refletindo e maturando juntas/os.
¹ “A mulher toma um pilgie e vai trabalhá”: uma etnografia com colonas do leite em Santo Cristo- RS : https://repositorio.ufsm.br/handle/1/27672