Longa de Elizabeth Banks embarca na jornada despirocada de um urso que inadvertidamente fica viciado em cocaína sem medo do ridículo
Por Reinaldo Glioche
Inspirado em fatos e ambientado na década de 80, para muitos a mais chapada da história da humanidade, “O Urso do Pó Branco”, nome que não faz justiça ao original “Cocaine Bear”, é o segundo longa-metragem de Elizabeth Banks como diretora e um trunfo que ela irá levar para o restante de sua carreira.
“O Urso do Pó Branco” é exatamente o que o título entrega, um filme sobre um urso que fica chapado de cocaína e promove uma carnificina enquanto está na onda. Banks sabe que sua premissa é um tanto ridícula e não faz questão de disfarçar. Aposta na irreverência com todas as suas fichas e usa da violência cartunesca para reforçar o senso de absurdo da coisa toda.
O elenco está um show à parte, embora o astro supremo seja mesmo o urso criado digitalmente. Aliás os efeitos especiais são muitíssimo bem urdidos. Um dos easter eggs do filme é que ele proporciona uma reunião informa dos protagonistas da série “The Americans”. Keri Russell é o principal nome no cartaz, Margo Martindale vive uma guarda florestal e Matthew Rhys faz uma ponta como um traficante logo no início do filme.
Completam o ótimo e entrosado elenco O’Shea Jackson Jr., que defende o melhor personagem depois do urso, Alden Ehrenreich, que tenta retomar o prumo no cinema depois do desastre que foi “Han Solo” (2018) e Brooklyn Prince, um talento mirim que se revela uma adolescente promissora. O filme é, ainda, o último crédito do finado ator Ray Liotta, para quem é dedicado.
Na trama, são três núcleos de ação, com o urso como eixo central, que acabam convergindo no clímax. Até que ele chegue, “O Urso do Pó Branco” proporciona entretenimento escapista de marca maior e ainda tem, na figura de uma perseguição do urso a uma ambulância, uma das cenas mais bizarras e divertidas da temporada.