Jonathan Pereira
Os realities shows consolidados no Brasil já ultrapassaram mais de dez edições no ar – só o “Big Brother”, o mais longevo em exibição, já está em sua 23ª formação. Embora previsíveis e desgastados, estes programas seguem atraindo público e anunciantes, ganhando sobrevida nas emissoras.
Não só o “BBB”, mas “A Fazenda”, “The Voice Brasil”, “Dança dos Famosos”, “MasterChef Brasil” e o “Jogo de Panelas” (em formato de quadro do “Mais Você”) são iguais há anos, mudando apenas o elenco a cada temporada. Mas por quê fazem sucesso?
TV é hábito. Quem liga a televisão para assisti-los já conhece a dinâmica de cada um, e sabe exatamente o que vai encontrar. Quando a fórmula dá certo, fica praticamente impossível fazer grandes alterações – o famoso “em time que está ganhando não se mexe”.
No “BBB”, por exemplo, o telespectador decorou que toda quinta-feira tem Prova do Líder, todo domingo tem formação do Paredão e às terças, eliminação. “A Fazenda”, que caminha para sua 15ª edição, também tem dias certos para a Prova do Fazendeiro, Formação da Roça e a própria Roça, que é quando o peão sai. Ambos têm datas pré-determinados para as festas e outras provas, como a do Anjo no reality da Globo e a de Fogo no da Record, cabendo pequenas alterações de um dia, quando necessário.
Exibida como quadro do Domingão desde 2005, a Dança dos Famosos vai para a 20ª edição neste mês de março. É outro reality que, desde que foi criado, mantem-se quase intacto e faz sucesso. Os fãs querem ver a performance do casal – e a Globo sabe usar bem as câmeras no ao vivo, tornando as apresentações envolventes – e ouvir as notas dos jurados.
No ar algumas vezes por ano desde 2012, o “Jogo de Panelas” nos faz acompanhar durante uma semana no “Mais Você” como foram os jantares que os cinco participantes realizam, cada um em sua casa, recebendo os demais. O que muda a cada temporada é a região do país em que foi gravado. A aceitação era tanta que, antes da pandemia, Ana Maria e Louro José (cujo intérprete, Tom Veiga, morreu em novembro de 2020) já tinham gravado várias edições – levadas ao ar entre 2020 e 2022.
Band e Globo exploraram até o caroço suas franquias de MasterChef e The Voice Brasil, respectivamente. O programa culinário virou o carro-chefe de faturamento da emissora e, embora seja o mais jovem entre os citados (estreou em 2014), já teve nada menos que 17 edições: 9 com cozinheiros amadores, 2 com crianças, 4 para Profissionais, 1 Revanche (reunindo ex-participantes) e ainda o Masterchef+, para a terceira idade. Algumas inovações foram inseridas, como provas com “leilão de tempo”, mas o formato segue igual. E o retorno já está previsto para 2023.
Globo/Fabio Rocha
O The Voice Brasil também teve filhotes pela programação: foram, desde 2012, 11 edições “tradicionais” – sendo exibido duas vezes por semana desde a 7ª temporada – sete do The Voice Kids e duas do The Voice +, aos domingos. O Twitter é dominado de comentários durante o horário do programa, mas a audiência caiu bastante de 2020 para cá – e os vencedores não emplacam na carreira musical, logo são esquecidos.
Emissoras e público se retroalimentam nessa engrenagem: enquanto as pessoas gostarem de ver, os canais seguirão produzindo, pois é mais certo que apostar em algo novo com resultados desconhecidos. Bom para os fãs.