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Saúde mental é foco do documentário “A Fantástica Fábrica da Sanidade”

Por Reinaldo Glioche

“Estamos medicando afetos. Estamos patologizando a vida”, observa em dado momento do documentário “A Fantástica Fábrica da Sanidade” um dos psiquiatras entrevistados. A produção, dividida em três partes e lançada recentemente na plataforma Brasil Paralelo, faz um esforço de compreensão da jornada da psicanálise em meio a demandas cada vez mais complexas e obtusas.

No primeiro episódio, existe a preocupação em tatear psicologia e psicanálise como ciências e o apontamento da dificuldade em fazê-lo. “Você não pode diagnosticar alguém com 10 minutos de conversa”. O fato disso estar acontecendo irmana em espanto todos os especialistas consultados pelos realizadores.

A cultura de ansiolíticos e antidepressivos também é alvo de escrutínio nessa primeira fase, que aborda, ainda, o incentivo da indústria farmacêutica para o consumo de remédios que talvez não sejam tão necessários – ou efetivos.

pile of white spilled pills
Foto: Pexels

“A Fantástica Fábrica da Sanidade” comunga da hesitação de alguns dos ouvidos em relação aos rumos da psiquiatria em meio a uma demanda frenética por medicamentos, também por parte das pessoas e da eventual desvalorização da terapia enquanto processo de autoconhecimento e cura.

O segundo episódio foca na gênese da psicanálise, suas ramificações e rupturas ao longo dos anos e, claro, a luta para se apropriar de evidências para doenças e transtornos mentais, bem como para seus tratamentos.

O último ato alerta para os perigos da automedicação e as respostas da psicologia em face dos novos desafios ensejados pela modernidade. Os diferentes métodos, da fenomenologia ao humanismo e conceitos pós-modernos como a terapia transdiagnóstica, que foca mais nos processos cognitivos e comportamentais do que nos quadros clínicos.

Como um todo, “A Fantástica Fábrica da Sanidade” monta um painel rico para debates tanto por profissionais da saúde mental, como por aqueles que os procuram em busca de amparo. Não há a pretensão de qualquer juízo de valor, mas é indisfarçável a disposição de aferir protagonismo à necessidade de repensar modelos. Nesse sentido, e não apenas por ele, uma obra essencial.

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