Jonathan Pereira
“Vai na Fé” tem tudo para recuperar a faixa das 19h da Globo. A história de Rosane Svartman – responsável por duas das melhores novelas do horário na última década, “Totalmente Demais” (2015) e “Bom Sucesso” (2019) – estreou no último dia 16 com vários elementos para agradar ao público.
Sheron Menezzes vive sua primeira protagonista em 20 anos de TV e deu o tom ideal para a Sol, ex-princesinha do baile Funk que se tornou evangélica e hoje vende marmitas para sustentar a família. Passando dificuldades para pagar as contas, ela aceita ser dançarina do cantor Lui Lorenzo – José Loreto, super à vontade no papel.
A primeira semana mostrou-se bem gostosa de assistir, fazendo o tempo dos capítulos passar sem que se perceba, deixando aquele gostinho de “já acabou”? A maneira que se decidiu retratar os evangélicos trouxe personagens críveis e identificáveis com os que se vê na vida real – o que pode atrair parte de um público que tenta rejeitar a emissora.
Trazer clássicos do funk de volta nos flashbacks, como “Glamurosa” e “Garota Nota 100”, de MC Marcinho, entre outros, também deu um sabor especial, ativando a memória afetiva do telespectador e combinando super com a história. Eles estão presentes tanto para pontuar as cenas de Sol jovem no baile quanto nas paródias que ela faz para vender quentinhas atualmente.
O núcleo jovem se aproxima da realidade, mostrando a adaptação de bolsistas do Prouni aos colegas na universidade, que vivem outra rotina por conta das diferenças financeiras, e conta com nomes de “peso” como Mel Maia – que despontou como a Rita de “Avenida Brasil”(2012) – e Bella Campos, recém-saída da Muda de “Pantanal”.
Vários atores negros foram escalados, como tem acontecido nas últimas tramas do horário. Assim como em “Bom Sucesso”, a tecnologia está inserida na rotina de forma natural, com gravação de vídeos para redes sociais e shows assistidos em lives.
Focada em poucos personagens, a história anda no ritmo certo por enquanto. Orbitando pela história principal estão Renata Sorrah, como Wilma, uma ex-atriz famosa que cuida da carreira do filho Lui Lorenzo; Carolina Dieckmann na pele da advogada e professora Lumiar e Emílio Dantas vivendo Theo, que cobiça a protagonista desde a juventude.
Novelas com músicas próprias e shows tendem a performar bem – vide “Cheias de Charme” (2012), no mesmo horário. A pegada dada a Sol lembra também os filmes americanos, com a personagem cantando no coral da igreja e ninguém menos que Aretha Franklin na trilha sonora, com “Hello Sunshine”, pode inclusive ajudar a história a fazer sucesso no mercado internacional. Vale a pena acompanhar.