Edson Aran
Boa noite, senhoras e senhores.
Bem-vindos ao 357º Prêmio Aran de Filmes e Séries no suntuoso Teatro Adam Sandler de Artes Cinematográficas.
Antes de começarmos, gostaria de fazer um apelo: por favor, não enfiem a mão na cara de ninguém durante a cerimônia. O estacionamento está disponível para eventuais acertos de contas. Muito obrigado.
Vários filmes e séries foram lançados em 2022 e é chegado o momento de fazer uma constatação: TÁ RUIM DEMAIS ESSE TROÇO, GENTE! TARANTINO É QUE TÁ CERTO, PQP!
Esse foi um ano de comprovada ruindade cinematográfica que só será superada em… 2023, é claro.
De qualquer forma, no meio de tantas produções desastrosas, vergonhosas e escabrosas, algumas merecem destaque é chegado o momento de homenageá-las.
Prêmio “sou poser, mas sou feliz”
Vamos começar a entrega dos prêmios para os filmes mais ‘posers’ de 2022. Um filme ‘poser’ é aquele que já chega gritando: “Óia só, eu sou um filme de arte! O diretor é tão gênio que nem precisava fazer filme, bastava ficar na porta do cinema com a mão na cintura! Urrú!”
E os indicados ao Prêmio “Sou poser, mas sou feliz” são:
“Blonde”, de Andrew Dominik
“Bardo”, de Alejandro Gonzaléz Iñárritu
“The Whale”, de Darren Aronofosky
“Babylon”, de Damien Chazelle.
E o prêmio “Sou poser, mas sou feliz” vai para… “Bardo”, de Alejandro González Iñárritu!
A produção se destaca por um roteiro absolutamente desconexo, uma vontade incrível de virar um Federico Fellini desprovido de ironia e a clássica culpa católica por ter vencido em Los Angeles, enquanto o México continua pobre e fodido.
Parabéns, Iñarritu! E nem precisa se sentir culpado por vencer… você merece!
Prêmio “Colã não cola mais”
E vamos prosseguir com o Prêmio “Colã não cola mais” que homenageia os piores filmes de super-heróis do ano. O gênero já foi bastante divertido e interessante, mas tudo foi pro brejo com o “blip” do Thanos em 2018. Só restou a vontade de espremer a laranja até o bagaço com tramas que ofendem a inteligência até das crianças de dez anos.
E os indicados ao Prêmio “Colã não cola mais” são:
“The Batman”, de Matt Reeves.
“Pantera Negra: Wakanda para sempre”, de Ryan Coogler.
“Thor: Amor e Trovão”, de Taika Waititi.
“Adão Negro”, de Jaume Collet-Serra
“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, de Sam Raimi.
E o prêmio “Colã não cola mais” vai para… “Thor: Amor e Trovão”, de Taika Waititi.
O roteiro (huahuahua) é só pretexto para o surgimento de mais uma Mary Sue da Disney, dessa vez carregando um martelão. Taika Waititi, assim como seu colega Sam Raimi, provam que talento e personalidade não servem pra nada quando quem manda é o departamento de marketing.
Toma aí, Taika. Tenta se redimir com um novo “Jojo Rabbit” no futuro. Valeu.
Prêmio “Ainda resta uma esperança”
E chegou o momento mais esperado da noite: a entrega do prêmio “Ainda resta uma esperança” que celebra os poucos filmes realmente bons de 2022! Sim! Nem tudo está perdido!
Os indicados ao Prêmio “Ainda resta uma esperança” são:
“Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert.
“O Milagre”, de Sebastián Lelio.
“Pinóquio”, de Guillermo Del Toro e Mark Gustafson.
“Trângulo da Tristeza”, de Ruben Östlund.
E o prêmio “Ainda resta uma esperança” vai para… “Pinóquio”, de Guillermo Del Toro e Mark Gustafson.
Foi uma disputa acirrada. Sebastián Lelio é um grande diretor de atores, os Daniels são muito criativos e Östlund escreveu a comédia mais cínica do ano. Mas “Pinóquio” vence por recontar uma história bastante conhecida com novos elementos e, dessa forma, nos emocionar com inteligência e pertinência. O resgate do stop-motion na era dos efeitos digitais mostra que filme começa com paixão e o marketing entra depois, nunca antes. Parabéns, Del Toro e Gustafson! Continuem assim, o cinema precisa de vocês.
Semana que vem tem mais
A segunda parte da cerimônia de entrega do Prêmo Aran para as melhores e piores séries de 2022 segue depois do intervalo, na coluna da semana que vem.
Ofendidos já podem se dirigir ao estacionamento. Obrigado.