Depende de nós desestereotipar a beleza feminina

Patrícia Froelich

Quando você se olha no espelho, qual o sentimento ao contemplar a imagem refletida? Quem você acha bonita? Seu conceito de beleza lhe abarca? Por favor, liste características de alguém cuja beleza você considera estonteante. Agora releia a listinha, tem uma estereotipia magra ou outro modelo? Nós crescemos com imagens midiáticas e irreais de corpo feminino bonito, nas telas e revistas há uma beleza sem marcas (celulite, estrias, gordurinhas, rugas, olheiras, cicatrizes) e atualmente reina nas redes sociais o império dos filtros. Sabe as ideias que temos de beleza, sobretudo os pacotinhos com x perfil, precisamos desconstruir progressivamente; topa o desafio? Inclusive, sabemos que beleza não é só uma questão estética, contempla qualidades também. Cada mulher tem sua formosura genuína, com traços que lhe tornam única e exalam perfume pelo mundo; aroma este pragmático e abstrato.

Convenhamos que o próprio conceito de beleza é carregado de julgamento, como se sua régua dividisse as mulheres entre bonitas e feias. Quiçá possamos usar algum outro termo com menos ludibriações midiáticas. Tem sugestões? Que tal, por hora, autenticidade? Pense em uma mulher do seu meio social que você admira (por exemplo uma amiga que chega no ambiente e muda a energia do lugar); Conseguiu pensar em alguém? Vale em si mesma também, viu?! Dessa pessoa autêntica que você confabulou: quais características nela são admiráveis? Não lhe parece raso definir alguém apenas por traços físicos? O que mais merece nossa contemplação? Somos uma sociedade imagética, mas nos cabe questionar e até expandir essa estrutura.

Essa coluna tem como objetivo suscitar reflexões, mas igualmente lhe convidar a gostar mais da imagem que você vê refletida no seu espelho todo santo dia. A insatisfação gera lucro, o contentamento, por sua vez, é revolucionário. Nós tendemos a ser nossas mais ferrenhas algozes, que tal hoje suavizar a mão sob as autocríticas? Como dito em outro escrito, este é um espaço de velhas amigas, daquelas que se acolhem mas também fazem apontamentos e chamados necessários.

Ainda sobre beleza, podemos transcender aquela lista primeva? Sabemos que a depender da cultura o padrão de beleza se modifica, mas por que precisamos ter um padrão? A beleza não pode ser multifacetada? Ter um padrão traz benesses ou malefícios no enquadramento ou transgressão dele? Muitas perguntas podem ser feitas sobre isso. Essa é a hora de você pegar aquele cafezinho bem forte e quente e maturar mais sobre tal, quem sabe um docinho também. Poderia levantar outra polêmica sobre o uso do açúcar no café ou a utilização indiscriminada de glicose, mas fica para uma próxima coluna, essa já tem muitas arestas.

Fotos: Pixabay

Pessoalmente acredito que beleza feminina não pode ser algo reduzido ou padronizado, há muitas belezas, sobretudo no nosso país que se estruturou num caldeirão cultural. Temos que cuidar para que nossa mente não se torne um monocultivo no quesito ideias e conceitos. Nossa opinião, portanto, também pode ser sofisticada e ampliada, desde os assuntos ordinários até os mais complexos. Nesse sentido, não há só uma noção de beleza feminina. Acredite!

Na próxima vez, projete o espelho com candura sobre si. Sobre beleza, ainda, quando foi a última vez que você conseguiu elogiar uma outra mulher? Elogio sincero, sabe, sem querer nada em troca ou apregoando amabilidade social. Quem sabe, a partir de então, elegemos espalhar alegria, acolhimento, contentamento e carinho, começando pelo nosso meio. Este texto problematizou sobre beleza e propõe seu uso no plural, operando com a famosa (e pouco praticada) sororidade. Deixe um comentário sobre o que achou/sentiu lendo este escrito. Obrigada pela sua olhadela atenciosa, você é sempre bem-vinda aqui, nos encontramos na próxima semana?

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