Globo de Ouro oferece apoteose ao Brasil e rumos para a temporada de premiações

Por Reinaldo Glioche

A catarse aconteceu. Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”, configurando a maior surpresa da noite. A vitória era uma possibilidade, já que a disputa mais acirrada se dava na ala de comédia com as presenças de Mikey Madison, por “Anora”, Karla Sofía Gascón, por “Emília Pérez”, e Demi Moore, por “A Substância”, que acabou ganhando, apesar de ser a menos cotada entre essas três, e oferecendo o discurso mais bonito e cativante da noite.

Leia também: Confira os vencedores da 82ª edição do Globo de Ouro

Fernanda não ficou muito atrás ao lembrar que a arte torna a vida mais especial e homenagear sua mãe, que foi a primeira brasileira indicada na categoria há 26 anos por “Central do Brasil”. A beleza da vitória de Fernanda Torres deriva, também, dessa poética narrativa familiar que mistura patriotismo e cinema. E os gringos curtiram. Tanto que a brasileira se cacifa com a visibilidade conquistada com o prêmio para a corrida já afunilada por uma indicação ao Oscar, cujos escolhidos serão anunciados no dia 17.

Os brasileiros babavam de raiva com a vitória (merecida) de “Emília Pérez” na categoria de filme em língua não inglesa, em que media forças com “Ainda Estou Aqui” quando a catarse com a vitória de Fernanda veio. O filme francês, entretanto, foi o grande vencedor da noite, triunfando também nas categorias de Atriz Coadjuvante, Canção, com “El Mal” e Filme em Comédia/Musical.

Ao comentar as indicações ao Globo de Ouro a coluna Play observou que o prêmio havia se refugiado nos festivais de cinema para escolher seus agraciados e absolutamente todos os vencedores foram filmes lançados em festivais; de Berlim a Veneza, passando por Sundance e Cannes. Mais enfático, no entanto, foi a tendência à internacionalização das escolhas – algo já experimentado pelo Oscar -, mas que o Globo de Ouro, em seu segundo ano de reestruturação, parece acelerar.

De “Emília Pérez”, um filme francês falado em espanhol, à série vencedora como Melhor Drama (“Xógum”), um épico de ação ambientado no Japão e falado em japonês, passando pela Melhor Animação, um filme letão, culminando em “O Brutalista”, um indie americano rodado na Itália, a edição 2025 do Globo de Ouro sinaliza a ambição de ser mais um prêmio global do que americano. Passa por aí, também, a escolha de Fernanda Torres como melhor atriz dramática.

Como fica a corrida para o Oscar?

Existem filmes que já estão certos na disputa principal. São eles “Anora”, “O Brutalista”, “Emília Perez”, “Conclave”, “A Substância”, “Um Completo Desconhecido” e “Wicked”. Brigam pelas três vagas restantes pelo menos seis filmes: “Duna: Parte 2”, “A Verdadeira Dor”, “Nickel Boys”, “Sing Sing”, “Um Homem Diferente” e “O Aprendiz”. Em um ano inesperadamente atípico, não há franco favorito ao prêmio, embora haja consenso que “Emília Pérez” é o filme a ser batido e deve liderar a corrida. Com mais “cara de Oscar”, no entanto, figuram “Conclave” e “O Brutalista”.

Entre as atuações, uma luz maior na corrida deve ser lançada nesta quarta (8) com as indicações ao SAG, o sindicato dos atores. Lá a excepcional Marianne Jean-Baptiste deve ser lembrada por “Hard Truths” reforçando a percepção que a disputa por melhor atriz é a mais empolgante da temporada, a despeito da presença, agora anabolizada, de Fernanda Torres. Nicole Kidman (“Babygirl”), Angelina Jolie (“Maria Callas”), Cynthia Erivo (“Wicked”), além de Fernanda, brigam por duas vagas. Já asseguradas estão Mikey Madison, Demi Moore e Karla Sofía Gascón.

Entre os atores Adrien Brody (“O Brutalista”), Timotheé Chalamet (“Um Completo Desconhecido”), Ralph Fiennes (“Conclave”) e Daniel Craig (“Queer”) são nomes praticamente certos. A última vaga em disputa pode ser reclamada por Colman Domingo (“Sing Sing”), que concorreu em 2024 por “Rustin”, ou Sebastian Stan, fantástico nos filmes “O Aprendiz” e “O Homem Diferente”, que pode se beneficiar da visibilidade aferida pelo triunfo no Globo de Ouro pelo segundo.

Deixe um comentário