Redação Culturize-se
A economia de um país é influenciada por vários fatores fiscais, que por sua vez afetam diretamente o câmbio. No Brasil, a situação fiscal tem sido um tema de grande importância, especialmente em tempos de incerteza econômica e política. O aspecto fiscal refere-se às políticas de gastos e arrecadação do governo, que incluem impostos, gastos públicos e a gestão da dívida pública.
A saúde fiscal de um país tem um impacto significativo na confiança dos investidores. Quando um governo apresenta um déficit fiscal elevado, isso pode levar a uma desvalorização da moeda local. Isso ocorre porque um déficit fiscal grande frequentemente resulta em maior endividamento do governo, o que pode ser visto como um risco pelos investidores internacionais.
Em 2023, o Brasil enfrentou desafios fiscais com um aumento nos gastos públicos e um déficit orçamentário significativo. Isso levou a uma desvalorização do real, pois os investidores ficaram preocupados com a capacidade do país de gerir sua dívida e manter um crescimento sustentável. Além disso, a percepção de risco aumentada pode levar os investidores a retirarem seus capitais, buscando moedas mais estáveis, o que pressiona ainda mais a desvalorização cambial.
Por outro lado, medidas fiscais austeras ou um superávit fiscal podem fortalecer a moeda local. Quando um governo demonstra disciplina fiscal, reduzindo déficits e controlando a dívida, isso melhora a confiança dos investidores. O governo Lula dá sinais contraditórios em relação à política fiscal e culpa o Banco Central pelas insuficiências de sua própria política econômica. O embate serva às narrativas políticas, mas reforça a instabilidade referida acima.
O papel do Banco Central
A política de juros é uma ferramenta essencial utilizada pelos bancos centrais para controlar a inflação. No Brasil, o Banco Central ajusta a taxa Selic, que é a taxa básica de juros, para influenciar a economia. Quando a inflação está alta, o BC tende a aumentar a taxa de juros para conter o consumo e o crédito, reduzindo a pressão sobre os preços.
Um aumento na taxa de juros torna o crédito mais caro e incentiva a poupança, reduzindo a demanda por bens e serviços. Isso ajuda a controlar a inflação, pois a menor demanda tende a reduzir a pressão sobre os preços. Por exemplo, em 2021, quando a inflação brasileira começou a subir significativamente, o BC aumentou a Selic de 2% para 7,75% ao longo do ano, buscando conter a escalada inflacionária.
A taxa de juros também influencia o câmbio. Juros mais altos atraem investidores estrangeiros que buscam retornos maiores, resultando em uma valorização da moeda local. No Brasil, as altas taxas de juros em resposta à inflação ajudaram a atrair capitais estrangeiros, valorizando o real em alguns períodos. No entanto, o embate entre Lula e Roberto Campos Neto esvaziou essa tendência.
Se Lula tenta terceirizar a culpa pelo pífio crescimento econômico, tem certa razão ao reclamar que a taxa de juros alta afeta o crescimento da economia do país. Mas é preciso colocar a casa em ordem. O ministro da Fazenda Fernando Haddad tem se desdobrado para aumentar a arrecadação em meio ao tino gastador do governo e aos deslizes fiscais já cometidos.
O PT não está acostumado a um BC autônomo e em seus governos flexibilizava a política monetária para alcançar dividendos políticos e um crescimento econômico relativamente artificial. As circunstâncias agora são outras e as técnicas aplicadas nos dois primeiros governos de Lula não encontram sustentação no regramento institucional. A ver o que as tensões políticas ensejarão sobre o véu da economia brasileira.