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Luiza Leite faz convite à contemplação poética em seu novo livro

Redação Culturize-se

Em seu ensaio “A superfície dos dias: o poema como modo de perceber”, a poeta e pesquisadora Luiza Leite nos convida a um passeio reflexivo pela poesia, desvendando sua capacidade de revelar a beleza e a riqueza do mundo à nossa volta, muitas vezes ignoradas pela rotina acelerada da vida moderna.

Leite propõe um olhar atento para a poesia que reside no cotidiano, nos detalhes aparentemente banais que compõem nossos dias. Através da análise de poemas de autores como William Carlos Williams, Cecilia Pavón e Laura Liuzzi, ela demonstra como a poesia nos ensina a reexaminar o ordinário, a encontrar poesia nas pequenas coisas, nos gestos simples e nos objetos corriqueiros. A autora destaca a importância de desacelerar e observar com atenção o mundo ao nosso redor, buscando a beleza e a poesia nos momentos mais inesperados.

Novo livro de Luiza Leite

No ensaio, Leite se interessa particularmente por poemas que abordam o cotidiano, seguindo a linha do estilo “fiz isso, fiz aquilo” de Frank O’Hara. Essa abordagem ganha uma força argumentativa incomum pela maneira leve e generosa como a autora explora os temas que lhe interessam. Sua escrita transmite a impressão de uma conversa íntima e próxima, onde referências como John Berger, Laurie Anderson, Bernadette Mayer e Kazuo Ohno não intimidam, mas iluminam a discussão e aproximam o leitor da autora.

Todos os poemas utilizados no ensaio partem do ímpeto que a poeta argentina Tamara Kamenszain definiu como “escrever com o que se tem”. Leite escreve: “Perceber é deixar-se ficar no tempo, demorar, permitir ser conduzido pelo que olhamos. A exigência de inspiração desaparece porque a poesia está em tudo.” Esse olhar poético nos convida a nos conectarmos com nossos sentidos, a perceber as nuances da luz e das cores, a sentir as texturas e os aromas, a escutar os sons e a saborear os sabores que nos cercam.

O livro-ensaio de Leite, com sua delicadeza e formato modesto, atua como uma defesa ensaística de uma poética voltada para o ordinário. A autora abre mão de qualquer pompa ou jogo autoritário, e assim é possível utilizar seu livro como uma boa aula de uma oficina de criação. Não apenas para escrever, mas também para viver – o que, em se tratando de poesia, significam quase a mesma coisa.

Leite argumenta que a poesia nos oferece um modo de perceber o mundo que vai além da mera funcionalidade, abrindo espaço para a contemplação, a reflexão e a emoção. Através da linguagem poética, somos capazes de transcender o racional e acessar uma dimensão mais profunda da realidade, onde a beleza e o mistério se revelam em toda sua plenitude. Seu ensaio é um convite irresistível para aqueles que desejam redescobrir a poesia no dia a dia, para encontrar beleza e inspiração nos momentos mais simples da vida.

Em “A superfície dos dias”, Luiza Leite nos guia por um caminho de encantamento e transformação, onde a poesia se revela como uma ferramenta poderosa para a percepção e a compreensão do mundo. A autora nos oferece uma perspectiva renovada, incentivando-nos a desacelerar e a valorizar a poesia presente em cada detalhe do cotidiano.

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