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Paul Giamatti, o ilustre homem comum

Por Reinaldo Glioche

Com 118 créditos como ator em uma carreira de mais de 30 anos, o americano Paul Giamatti, 57, recebeu pelo papel em “Os Rejeitados” sua segunda indicação ao Oscar. Ele ostenta alguma chance de vitória diante do favorito Cillian Murphy (“Oppenheimer”), não apenas pela fantástica atuação no longa de Alexander Payne, mas por defender uma obra muito correta, entre filmes e séries de TV.

Paul Giamatti
Foto: Reprodução/Mubi

Como o procurador que entra em guerra contra um magnata do mundo das finanças em “Billions” Giamatti pôde mostra toda a sua musculatura como ator, trafegando entre comédia e drama muitas vezes no mesmo frame. Ele também participou de séries como “30 Moedas”, “Bojack Horseman”, “Downtown Abbey” e “Inside Amy Schumer”, além da minissérie da HBO “John Adams”. O fez já sendo um ator de lastro no cinema. Nunca foi astro, mas uma ator de personagens que adquiriu a confiança de figuras proeminentes tanto da indústria como do cinema independente.

Nomes como Ron Howard, David Cronenberg, John Woo, George Clooney e M. Night Shyamalan enxergaram em Giamatti um valioso catalisador para suas visões em filmes com ambições tanto comerciais como artísticas. Isso porque Giamatti tem uma característica inata que joga a seu favor, embora possa parecer desabonadora a princípio. Sua estampa de homem comum. A facilidade com que submerge em personagens, sejam eles asquerosos como o de “O Grande Mentiroso” (2002) ou banais, como o de “Anti-herói Americano” (2003) o distinguem na verve da atuação.

Leia também: Afinal, existe chance de “Oppenheimer” não ganhar o Oscar de Melhor Filme?

Já assumiu adoráveis e detestáveis vilões, homens doces e pacatos, assim como figuras vis ou obstinadas. Tudo com esmero, talento e perspicácia. Seu primeiro grande destaque no cinema foi mesmo o protagonista de “Sideways” (2004), a primeira colaboração com Alexander Payne. Foi ridiculamente esnobado no Oscar naquela oportunidade, mas chegou à premiação no ano seguinte pelo papel do treinador de Russell Crowe em “A Luta pela Esperança”, um daqueles dramas de boxe que não é apenas sobre boxe.

Giamatti ostenta uma filmografia de mais altos do que baixos e com uma salutar alternância entres filmes de maior orçamento, como o blockbuster “Terremoto: A Falha de San Andreas” (2015) com produções menores como “Ganhar ou Ganhar – A Vida é um jogo” (2011). Sempre emprestando dignidade e coração a seus personagens.

O Oscar talvez não venha, mas o reconhecimento a um grande ator, cada vez mais dominante de sua arte, está consolidado e com isso ganham o cinema e a cinefilia.

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