Redação Culturize-se
Na próxima quinta (29), o Teatro Adolpho Bloch, na Glória, no Rio de Janeiro, será palco para a tão aguardada estreia de “Um Filme Argentino”, espetáculo que marca a primeira incursão conjunta dos talentosos atores Letícia Colin e Michel Melamed nos palcos teatrais. Com uma proposta que mistura humor, romance e uma pitada de drama, a peça promete envolver o público em uma jornada repleta de situações inusitadas.
“A gente completa 8 anos em março e, desde sempre, houve a vontade de nós fazermos algo juntos. Porque temos uma admiração mútua, muitas trocas e experiências em comum. A gente, um dia, saiu da portaria de um prédio, e aí veio a ideia do espetáculo, que, na verdade, era um filme inicialmente”, compartilha Letícia Colin sobre a origem do projeto.
A trama de “Um Filme Argentino” gira em torno de um casal, Cláudia e Cláudio, interpretados por Letícia e Michel, respectivamente, e de uma série de personagens que permeiam os diversos momentos de um relacionamento. “O título vem de vários lugares. Primeiro, eu gosto muito de como soa, poeticamente me agrada”, explica Melamed, que também assina texto e direção da montagem. “E tem aquela história também da cisão que há no cinema brasileiro: temos filmes superpopulares que são sucesso de bilheteria e os de arte que concorrem a prêmios. O cinema argentino consegue reunir os dois. Queremos tornar isso possível aqui, quebrar o fosso entre arte e entretenimento”.
Letícia, que também canta na peça, vai além. “A gente gosta de coisas visuais que não se explicam, inventa personagens, cria vozes e também mergulha no trágico. Rimos muito das situações difíceis: nossos perrengues familiares, os ruídos de comunicação. A ideia é tirar graça da DR. Às vezes, caímos nas ciladas dos clichês e da rotina, que é boa, mas também castradora”.
A diversidade de personagens que compõem a trama reflete os altos e baixos de um relacionamento duradouro. “Eles representam uma perspectiva da relação. Em um relacionamento longevo, a gente sempre enfrenta a questão de como se reinventar. Surgem desgastes naturais, você identifica coisas que admira no outro e também aspectos que não gosta, há conflito, transformações das individualidades. E com a passagem do tempo, as coisas se invertem, as pessoas mudam. O casamento precisa mudar, abraçar os novos personagens que as pessoas se tornaram”, teoriza Melamed.
Os processos de criação e atuação têm fortalecido não só o espetáculo, mas também a relação entre Letícia Colin e Michel Melamed. “Você não pode deixar a relação quadrada. A bola precisa rolar. É engraçado, trabalhando na mesma área, a gente sempre meteu a colher um no trabalho do outro, mas com generosidade. Agora estamos ainda mais próximos. É um desafio porque somos diferentes, temos nossos próprios métodos, e agora estamos tentando ver como esses universos vão criar uma terceira coisa. Como é que equaliza isso?”, provoca Melamed.
Ser dirigida pelo marido tem sido uma experiência reveladora para Letícia. “É um desafio para mim compreender a mente desse autor e diretor. É uma direção como eu nunca tive. Ele me exige precisão. A gente cai no desconhecido. Estou descobrindo ferramentas novas dessa atriz que eu sou”, celebra.
“Um Filme Argentino” se prepara para encantar o público com sua mistura única de talento, humor e emoção. A peça fica em cartaz até 21 de abril com sessões às sextas, sábados e domingos e ingressos a partir de R$ 100.