Por Reinaldo Glioche
Não há artista contemporâneo mais inquieto e exigente consigo mesmo do que Bradley Cooper. Ele jamais havia sido indicado ao Oscar até os 38 anos e agora, aos 49, ostenta 12 indicações pessoalmente em cinco categorias diferentes. Apenas em 2024, com “Maestro”, ele concorre a três estatuetas, como produtor do filme, como ator e pelo roteiro original.
É o seu segundo filme como cineasta, o segundo indicado ao Oscar de Melhor Filme. O outro foi “Nasce uma Estrela” (2018), pelo qual também concorreu pessoalmente a três estatuetas. Não obstante, nos últimos seis anos, chegou à disputa pelo prêmio de Melhor Filme, como produtor, quatro vezes.
Essa combinação de multiplicidade, versatilidade e inquietude o eleva a um patamar singular em Hollywood, não apenas na contemporaneidade, mas mesmo em um escopo histórico.
Há 25 anos, ele conseguia seus primeiros papeis em Hollywood em séries como “Sex & The City” e “Nip/Tuck”. Chamou a atenção pela primeira vez como coadjuvante de Vince Vaughn e Owen Wilson em “Penetras Bons de Bico” (2005) e chegou ao estrelato com a comédia besteirol “Se Beber, Não Case!” (2009).
Ele conseguiu atuar em franquias – além de “Se Beber, Não Case!” está em “Guardiões da Galáxia” como a voz de Rocket -, investir em colaborações criativas com David O. Russell, Todd Phillips e Jennifer Lawrence e trabalhar com seus heróis como Robert De Niro e Clint Eastwood.
A ambição artística é uma força vital de Cooper, mas mesmo em seus projetos mais comerciais, o astro demonstra bom faro. Filmes como “Pegando Fogo” (2015) e “Esquadrão Classe A” (2010) são exemplos de longas aparentemente banais que resistem à prova do tempo.
O objetivo vigente, porém, parece ser embrenhar-se com os melhores da indústria. Steven Spielberg e Martin Scorsese são produtores associados em “Maestro”, que recebeu bastante atenção e apoio da Netflix na corrente temporada de premiações; seus filmes anteriores foram dirigidos por cineastas da estirpe de Guillermo Del Toro, Paul Thomas Anderson e Clint Eastwood.
O compromisso de Cooper com a excelência é visível, mas ele parece mais obstinado do que outros galãs que já percorreram esse caminho como George Clooney e Ben Affleck. São dois os projetos já engatilhados. “Is This Thing On?” será seu terceiro filme como cineasta, enquanto um novo filme do personagem Frank Bullit, imortalizado nas telas por Steve McQueen, dirigido por Steven Spielberg, está em pré-produção.
Recentemente, essa inclinação ao perfeccionismo – e o tangente desejo pelo Oscar, a expressão máxima da excelência no cinema – geraram uma implicância muito grande com Bradley Cooper nas redes sociais. Entre seus colegas de indústria, porém, o entusiasmo por sua visão, dedicação e graciosidade nunca esteve tão em voga.