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“Os Rejeitados” aborda nossa necessidade inerente de amor em saborosa fábula natalina

Novo longa de Alexander Payne é um clássico instantâneo e conta com um trio de atores em grande forma. “Os Rejeitados” resgata o valor de personagens losers no cinema americano

Por Reinaldo Glioche

Alexander Payne é um dos grades autores do cinema americano contemporâneo e com seu novo filme, um sleeper hit da temporada de premiações de 2024, ele pode ter conquistado seu primeiro clássico atemporal. “Os Rejeitados” é um tenro filme de Natal, o que inegavelmente o projeta à posteridade, mas é, também, um intrincado estudo sobre o afeto entre homens, nesse sentido dialoga com obras tão distintas como “Perfume de Mulher” (1992), “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989), “Green Book” (2018) e “Superbad – É hoje” (2007).

Seu grande trunfo, porém, reside no fato de resgatar com esmero e graça uma das grandes instituições do cinema, em geral, e do cinema americano, em particular, que é aferir perspectiva ao loser, aquela figura largamente percebida como derrotada e que navega à margem de convenções sociais.

O professor de História Paul Hunham (Paul Giamatti) é apontado pela direção da escola integral para meninos em que trabalha como o monitor responsável pelos alunos que não irão voltar para casa durante o recesso de festas de fim de ano. Paul é um tipo rabugento que não necessariamente provoca entusiasmo dos alunos e Giamatti, um ator tão afável e cheio de recursos, o compõe no limite entre a antipatia e o carinho.

Cena de "Os Rejeitados"
Cena de “Os Rejeitados”, que estreia nos cinemas brasileiros em 11 de janeiro | Foto: Divulgação

É durante esse período que ele estabelece uma inusitada conexão com Angus Tully, brilhantemente interpretado pelo estreante Dominic Sessa. Relação esta que recebe estímulos nem sempre discretos da cozinheira Mary Lamb (a excepcional Da´Vine Joy Randolph), que perdeu um filho no Vietnã recentemente e também vai passar as festividades no campus da escola.

“Os Rejeitados” então explora nossa necessidade de construir pontes afetivas, de receber amor e o faz com inteligência emocional e ternura. Payne é hábil na costura de conflitos que aproximam e distanciam os personagens e faz do inescapável jogo de espelhos desse encontro acidental uma inflexão valorosa também para a audiência.

É assim que o longa captura a essência do Natal, de maneira mais orgânica e bem-sucedida do que os filmes natalinos industriais que Hollywood despeja nos streamings todas as temporadas. Não é exagero dizer que este talvez seja o filme pelo qual Payne será muito referenciado no futuro. Não é pouca coisa ao se debruçar em uma filmografia que ostenta perolas como “Sideways” (2004), “Os Descendentes” (2011) e “Nebraska” (2013).

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