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Hollywood vive profundo senso de crise existencial

Reinaldo Glioche

Houve alarde no informe de que os CEOs da Warner Bros. Discovery e Paramount Global se reuniram para aventar a possibilidade de fusão. Como reportado nesta coluna Play a Paramount está à venda e outras duas gigantes centenárias de Hollywood, Disney e Warner, estão em maus lençóis.

Isso é o que acontece quando uma indústria, como a TV a cabo, entra em declínio a longo prazo. Empresas de mídia se fundem para reduzir custos e maximizar lucros de ativos em declínio. Isso impulsionou as fusões da Viacom e CBS, Discovery e Scripps (e Warner Media), e a compra pela Disney dos ativos de entretenimento da Fox. Todos eles queriam mais escala para competir com a Netflix e a Amazon no streaming. A Apple logo se somaria a guerra dos streamings.

Foto: Reprodução/Internet

Esses acordos deram certo? É difícil planejar o futuro quando você passa alguns anos concluindo um acordo e depois integrando-se a outra empresa. A maioria das empresas envolvidas continua diminuindo de valor, enquanto as empresas de tecnologia continuam crescendo. É por isso que os proprietários de redes de TV continuam se fundindo – para evitar a extinção.

Isso pode ser vantajoso para investidores e executivos bem remunerados. É menos provável que termine bem para funcionários ou criativos. Resultaria em mais demissões e concentraria ainda mais nas mãos de alguns. Colocaria uma empresa no controle da CBS, MTV, BET, Nickelodeon, TNT, TBS, HBO, Warner Bros., Paramount Pictures, Paramount+, Max, Pluto TV, Comedy Central e CNN. Exigiria, ainda, um esforço monumental para driblar a regulação.

Os investidores não parecem muito entusiasmados. As ações tanto da Warner Bros. quanto da Paramount caíram desde que as notícias de suas conversas foram divulgadas. Mas isso não impedirá os executivos de buscar a escala que acreditam ser necessária para sobreviver. As conversas são apenas exploratórias – por enquanto.

Executivos em Hollywood consultados pela Bloomberg apostam que se não for vendida ou integrada com outra empresa, a Paramount irá falir em um espaço de quatro anos. Há profunda ansiedade, também, sobre o destino que a Disney dará a ESPN, sua prestigiada marca de esporte, que pode ser vendida nos próximos meses.

Viver para morrer outro dia

O plano há muito tempo gestado pela Lionsgate de dividir o estúdio do canal e plataforma Starz finalmente está acontecendo – o estúdio de TV, grupo de cinema e bibliotecas de filmes e televisão – se fundirão com a Screaming Eagle Acquisition Corp., uma SPAC (companhia de aquisição com propósito especial) liderada por Eli Baker.

A transação avalia a Lionsgate Studios em um valor empresarial de aproximadamente US$ 4,6 bilhões.

A separação deve ser concluída até meados de 2024, transformando os Lionsgate Studios em uma das maiores empresas de conteúdo global negociada publicamente e a esperança é que se torne um alvo atraente para aquisições – adicionando mais combustível às especulações já em pleno vapor sobre fusões e aquisições no setor de mídia. O portfólio do Lionsgate Studios inclui propriedades de franquias como Jogos Vorazes, John Wick e Crepúsculo; um robusto negócio de produção e distribuição de filmes e televisão; uma principal empresa de gerenciamento de talentos e produção; e uma extensa biblioteca de filmes e televisão que gera um fluxo significativo de caixa.

Como resultado da transação, espera-se que 87,3% do total de ações da Lionsgate Studios permaneçam em posse da Lionsgate, enquanto os acionistas públicos e os fundadores da Screaming Eagle, juntamente com investidores comuns de capital próprio, devem possuir aproximadamente 12,7% da empresa combinada.

Os Lionsgate Studios não incluem a plataforma Starz, que continuará a ser totalmente de propriedade da Lionsgate. A Lionsgate, convém lembrar, lançou o Starzplay no Brasil, posteriormente rebatizado de Lionsgate+, em 2019 e encerrou suas operações por aqui em 2023.

Além de estabelecer os Lionsgate Studios como uma entidade independente negociada publicamente, espera-se que a transação forneça aproximadamente US$ 350 milhões em receitas brutas para a Lionsgate, incluindo US$ 175 milhões em financiamento PIPE (investimento privado em capital público) já comprometido por fundos mútuos líderes e outros investidores.

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