Redação Culturize-se
Foi um ano intenso para o cinema, com fenômenos comerciais raros, greves e muito agito cultural. Culturize-se fez uma seleção dos maiores destaques, sejam eles positivos ou negativos, que marcaram a temporada.
Barbenheimer
Foi o grande acontecimento cultural do ano e totalmente orgânico. O combo “Barbie” e “Oppenheimer”, nascido da rivalidade entre Christopher Nolan e a Warner, mexeu com o status quo e ajudou na jornada comercial dos dois filmes, que agora reativam a camaradagem na temporada de premiações.
Greves
As greves em Hollywood foram o grande signo de 2023. Roteiristas e atores buscaram, e conseguiram em grande medida, mais transparência em relação à audiência e aos ganhos no streaming, impor limites ao uso de inteligência artificial e renegociar contingências assistenciais como planos de saúde.
Modelo de negócio em xeque
Essas greves, que bateram recorde de duração e juntas somaram 7 meses, ajudam a evidenciar uma crise existencial em Hollywood que já havia sido potencializada pela pandemia. O modelo de negócio dos grandes conglomerados de mídia ficou inviável em meio à guerra dos streamings. 2023 chega ao fim com muitas empresas cortejando fusões e discutindo vendas de ativos. Hollywood contempla o abismo.
Realinhamento no streaming
Plataformas encerrando as atividades (Lionsgate+ na América Latina), outras sendo criadas regionalmente (Universal+), empresas integrando duas de suas plataformas (A Disney anunciou que levará o conteúdo do Star+ para o Disney+) e muito mais aconteceu. O impacto do streaming no cinema já era notório desde os primórdios a Netflix, mas agora os ajustes chegaram ao próprio universo do streaming. Anos desafiadores estão à espreita.
Autores em forma
Mas crises alimentam grandes artistas e em 2023 os autores do cinema mostraram que estão muito bem, obrigado. David Fincher (“O Assassino”), Yorgos Lanthimos (“Pobres Criaturas”), M. Night Shyamalan (Batem à Porta), Martin Scorsese (“Assassinos da Lua das Flores”), Alexander Payne (“Os Rejeitados”), Pedro Almodóvar (“Estranha Forma de Vida”) e Christian Petzold (“Afire”) foram alguns dos mestres do cinema que nos agraciaram com grandes obras na temporada.
Marvel em crise
O ano do centenário da Disney foi muito ruim para o estúdio, com fracassos de bilheteria em série e muita autocrítica no comando da empresa. O que gerou mais bafáfá, entretanto, foi a péssima fase que vive a Marvel. A qualidade dos filmes já vinha em decadência, mas em 2023 as bilheterias pioraram, as séries foram pouco vistas e outrora referência de sucesso em Hollywood, a Marvel Studios se viu no divã.
O fim do DCU
O ano de 2023 também marcou o fim do muito contestado DCU, que viu o lançamento de três filmes (“The Flash”, “Besouro Azul” e “Aquaman 2: O Reino Perdido”) sem grande entusiasmo por parte do público, que já vive a expectativa pela reconstrução da DC no cinema sob a batuta de James Gunn.
Os títulos maravilhosos dos filmes brasileiros
“Cartório das Almas”, “Nós Somos o Amanhã”, “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, “A Alegria é a Prova dos Nove”, “Meu Sangue Ferve por Você”, “A Primeira Morte de Joana”, “O Mel é Mais Doce que o Sangue” e “A Metade de Nós” são alguns dos títulos de filmes brasileiros, lançados comercialmente ou exibidos e festivais mundo afora, em 2023. Coisa linda e poética de encher de orgulho no peito! Ah, e os filmes são todos muito bons!
Um Godzilla como há muito não se via
O lançamento da série “Monarch” na AppleTV+ até gerou burburinho, mas o grande destaque da temporada é mesmo “Godzilla Minus One”, o filme japonês que tomou de assalto os cinemas do mundo todo, frequentando top 10 de bilheterias tanto no Brasil como nos EUA. Algo impensável desde que o monstrão foi apropriado por Hollywood.
Em comemoração aos 70 anos do icônico monstro Godzilla, o filme marca o retorno da marca Godzilla à Toho, produtora japonesa que lançou o primeiro filme em 1954, e que foi considerado um sucesso e principal expoente do gênero no país. Desde então, o monstro se tornou um importante ícone da cultura pop mundial. “Minus One” é, guardadas as devidas proporções, um fenômeno da linhagem de Barbenheimer.
Muitos atores dirigindo
Ben Affleck, Bradley Cooper, Chris Pine, Anna Kendrick, Michael Shannon, George Clooney, Jesse Eisenberg, Elizabeth Banks, Patrick Wilson e Michael Keaton foram apenas alguns dos atores que lançaram filmes como diretores no curso de 2023. Atores que dirigem sempre existiram, mas é inegável que a tendência é de alta.
