Redação Culturize-se
A Pinacoteca de São Paulo exibe, entre 21 de outubro e 3 de março de 2024, “Montez Magno: Algúria”, uma retrospectiva do artista pernambucano. A curadoria é de Clarissa Diniz, uma destacada pesquisadora da obra de Montez. A exposição reúne mais de 80 obras que destacam a imaginação visionária do artista, explorando campos como urbanismo, paisagem e música.
Montez Magno, ao longo de mais de 70 anos de produção, utilizou poesia, pintura e escultura para criar. Ele iniciou com abstração e experimentou com objetos, poesia visual, projetos arquitetônicos e muito mais. Na Pinacoteca, suas narrativas visionárias são representadas em obras como “Cidade Cúbica II” (c. 1970) e “Um lance de dados” (1973).
A exposição recebe o nome de um conto escrito por Montez em 1975, no qual ele descreve sua visita a Algúria, um país quadrimensional no deserto do Saara. Esse conto, central em sua obra, é apenas um exemplo dos exercícios de ficcionalização que Montez realizava, reimaginando não apenas “outros mundos”, mas também o mundo em que vivemos. Esses exercícios eram chamados de “arte visionária” ou “arte prospectiva” por Montez.
Montez Magno trabalhava com materiais simples e cotidianos, como sabão em barra, giz e bolas de isopor, atribuindo novos significados a eles. Ele criou a série “Cidades Imaginárias” (1972-) usando materiais como canos, dobradiças e tubos de papelão, recriando arquiteturas de cidades e museus. A primeira sala da mostra apresenta trabalhos como “Cidade esférica” (1998) e “Cidades Visionárias” (1972).
O artista tinha uma forte conexão com sua terra natal, Pernambuco, e atribuía significados cósmicos a ela. Na segunda sala, chamada “PAISAGENS IMAGINÁRIAS”, seus trabalhos como “Ar de Olinda” (1972) e “Sertão” (1989) expressam essa visão.
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A última sala, “Partituras Reimaginadas”, explora a relação de Montez com a música, onde ele desenhava livremente sobre partituras musicais, criando uma linguagem musical própria. Também inclui obras com dados, como “Um lance de dados não abolirá jamais o acaso” (1973).
Montez Magno de Oliveira, nascido em Timbaúba, Pernambuco, em 1934, iniciou sua carreira nos anos 1950, trabalhando em diversas linguagens artísticas. Ele publicou artigos e pesquisas sobre arte, viajou pela Europa e Argélia e lecionou escultura na Universidade Federal da Paraíba. Suas obras estão presentes em acervos no Brasil e no exterior, e ele é autor de mais de quinze livros de poesia e escritos.