Reinaldo Glioche
Uma série documental sobre a produção do aclamado longa “JFK – A Pergunta que Não Quer Calar” (1991) está em pós-produção. “Citizen Stone” vai abordar, ainda, como o filme acabou sendo a ruína do diretor.
“Completamente elaborado a partir de imagens de arquivo, muitas das quais nunca antes foram vistas, o documentário é uma exploração do aclamado roteirista, diretor e produtor Oliver Stone, conforme visto através do processo criativo de dar vida a JFK, seu filme mais ambicioso e polarizador”, destaca o release enviado à imprensa. Kristian Fraga, da Sirk Productions, escreve e dirige a série, que ainda não tem data nem distribuição garantidos, mas há o interesse da Netflix.
“JFK”, lançado em 1991, tinha Kevin Costner como o promotor de Justiça do Distrito de Orleans Parish, Jim Garrison, que conduziu uma investigação sobre o assassinato do Presidente Kennedy que atribuiu a culpa pelo assassinato de JFK a uma conspiração envolvendo o empresário de Nova Orleans, Clay Shaw (Shaw foi absolvido em um julgamento em 1969). Um elenco extraordinário se juntou ao filme de Stone; ao lado de Costner estavam Joe Pesci, Donald Sutherland, Kevin Bacon, Sissy Spacek, John Candy, Walter Matthau, Jack Lemmon, Ed Asner, Laurie Metcalf, Tommy Lee Jones como Shaw e Gary Oldman como Lee Harvey Oswald.
O filme, que Stone disse apresentar um “contra-mito” à conclusão da Comissão Warren de que Oswald agiu sozinho no assassinato de JFK, arrecadou impressionantes US$ 280 milhões em todo o mundo, e foi indicado a múltiplos prêmios, inclusive ao Oscar, mas desencadeou uma grande reação contra o diretor, que foi acusado por alguns de dar uma plataforma injustificada às alegações não comprovadas de Garrison.
“O documentário detalha como, desde o início da produção, Oliver Stone e seu elenco e equipe são confrontados por uma blitz midiática sem precedentes na história do cinema”, destaca o comunicado à imprensa. “Embora o filme não pudesse ser apagado da existência, ele poderia ser marginalizado, e a campanha contra JFK manchou a reputação de Oliver Stone nos Estados Unidos e alterou para sempre a trajetória de sua carreira. ‘Citizen Stone’ descortina as camadas de onde Hollywood, a mídia e Washington se intersectam e destaca a aliança profana entre fato e ficção e a luta por quem ‘possui’ a história… ‘Citizen Stone’ trata da criação de um épico cinematográfico e da desconstrução de um dos diretores lendários do cinema.”
De acordo com o comunicado sobre a série, Stone não está envolvido no projeto documental, mas conversou com Fraga “e está disponível para o cineasta para quaisquer esclarecimentos necessários”.
A despeito do entendimento da realização – e “Citizen Stone” já se anuncia como um projeto imperdível – é fato que Oliver Stone viu sua influência em Hollywood decair a partir da metade da década de 90. De um dos mais importantes cineastas de Hollywood ao ostracismo quase absoluto. Ele ainda lançou bons filmes depois, como “Selvagens” (2012) e a revisita a Wall Street, com “O Dinheiro Nunca Dorme” (2010), tentou resgatar o cinema-denúncia com “Snowden: Rebelde ou Traidor” (2016) e fez uma deferência aos heróis do 11 de setembro com “As Torres Gêmeas” (2006), mas sem jamais replicar o sucesso – e a relevância – de outrora.