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O destino das livrarias será o mesmo das locadoras?

Com uma crise perene, fundamentalmente em virtude do comércio eletrônico, as livrarias físicas atravessam momento paradigmático e já não comportam mais o modelo megastore

Redação Culturize-se

A pergunta que dá título a este texto pode parecer apocalíptica demais, mas ela sintetiza um sentimento que vem em um crescendo e que ganhou propulsão na última semana com o anúncio do fechamento de todas as lojas físicas da Saraiva, que está em recuperação judicial desde 2018, e o anúncio de que a empresa irá operar apenas no comércio eletrônico a partir de agora.

Que o modelo megastore estava superado, já estava estabelecido. Vale lembrar que a outra grande livraria a praticar esse modelo no Brasil, a Cultura, também está definhando. Some-se a isso, o fato do consumo de livros estar em transformação e a competição acirrada de gigantes virtuais como a Amazon e se tem um cenário desafiador para as livrarias físicas.

livrarias
Foto: Divulgação/Livraria Cultura

De acordo com um levantamento da Associação Nacional de Livrarias (ANL), o número de livrarias no Brasil encolheu 29% nos últimos 10 anos. Em 2014, existiam 3.095 livrarias no país; em 2023, são 2.200. Isso significa que, no Brasil, uma livraria encerra suas atividades a cada três dias, em média. Apesar do fechamento de livrarias, o mercado editorial brasileiro ainda é um dos maiores do mundo. Em 2022, o setor faturou R$ 4,8 bilhões, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.

Esses são números que reforçam o fato de que a crise não é do mercado editorial, mas sim das livrarias e que a tendência é que elas fechem de maneira acelerada nos próximos anos e novos modelos, principalmente ancorados no online, surjam.

O fator Saraiva

O fechamento das lojas físicas da Saraiva é emblemático neste sentido. A empresa foi fundada em 1942 e, durante décadas, foi uma das principais referências no mercado de livros no país. A empresa afirma que tem planos de investir na expansão do seu site e na melhoria da sua experiência de compra online.

“Precisamos encontrar formas de apoiar as livrarias para que elas continuem existindo. As livrarias são importantes para a nossa cultura e para a nossa educação”, observa a diretora da Associação Nacional de Livrarias (ANL) Mariana Filomena. A organização lançou recentemente uma campanha para conscientizar a população sobre a importância das livrarias. A campanha, chamada “Livrarias: lugares de cultura e educação”, destacava o papel das livrarias como espaços de encontro, de troca de ideias e de fomento à leitura.

Em 2022, tanto em volume quanto em arrecadação, as vendas de livros pela internet superaram as vendas em livrarias físicas. Pode parecer alarmista dizer que as livrarias vão acabar, mas é uma possibilidade muito palpável como demonstram índices, fatos e a própria história, com o impacto do streaming na venda de CDs e nas videolocadoras.

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