Novo disco de Olivia Rodrigo é menos inventivo e beira o monotemático, mas tem singles fortes e um público (as pré-adolescentes) muito bem definido
Por Reinaldo Glioche
Melhor disco de 2021, “Sour” foi um bálsamo de criatividade, letras potentes e reflexivas que fez de Olivia Rodrigo uma estrela instantânea para além do perfil de pré-adolescentes e adolescentes que vivem à caça de cantoras pop. “Guts”, lançado há alguns dias, é um passo atrás, o que não é exatamente algo ruim, mas, talvez, anticlimático em face de uma estreia tão arrebatadora.
Aos 20 anos, é esperado que Olivia Rodrigo cante sobre os dissabores das relações amorosas, como “Bad Idea Right”, sem tanta melancolia e cinismo. O disco, composto por 11 faixas, preserva a essência da cantora com letras autênticas e francas, mas chega embalado em uma margem de segurança que há muito não se via em um segundo disco de um prodígio da música pop internacional.
Rodrigo canta sobre suas próprias experiências pessoais, como o fim de um relacionamento, a dor da perda e a pressão da fama. Suas letras são honestas e vulneráveis, mas parecem se comunicar apenas com uma parcela do público, uma diferença fundamental em relação aos prospectos do álbum de estreia.
O que abre margem para outro problema. Embora curto, o disco acaba ensejando a percepção de ser repetitivo, já que as agruras de relacionamentos amorosos povoam a maior parte das faixas em beats e reflexões muito parecidos.
De mais positivo, a disposição de abraçar uma multiplicidade sonora, que vai do folk ao indie, o que denota um esmero de composição musical que não se verificou nas letras.
Em fevereiro, Olivia Rodrigo dá a larada em sua turnê com “Guts”, que tem dois singles potentes, além da já citada “Bad Idea Right”, “Vampire” é outra coqueluche certeira.