Redação Culturize-se
A etimologia da palavra “consenso” remonta ao latim, derivada da junção do prefixo “com” que significa “junto” ou “com” e o verbo “sentire”, que significa “sentir”. Portanto, a palavra “consensus” traz a ideia de sentir junto, de estar em sintonia, compartilhar uma mesma percepção ou opinião. Ao longo do tempo, esse termo adquiriu significados adicionais, especialmente nos contextos político e jurídico.
No âmbito político, o consenso refere-se a um acordo ou pacto entre diferentes partes, buscando uma solução comum para determinado problema ou conflito. Ele pressupõe que as partes envolvidas estão dispostas a deixar de lado suas posições individuais em prol de um objetivo maior, que pode ser o bem-estar da sociedade como um todo. A busca pelo consenso político muitas vezes é conduzida através do diálogo, da negociação e da busca por interesses comuns. É uma forma de garantir a estabilidade e a governabilidade de um país ou comunidade.
No campo jurídico, o consenso pode ser visto como uma forma de resolução de conflitos, na qual as partes envolvidas concordam com uma solução ou acordo para evitar um processo judicial. Nesse contexto, o consenso é também conhecido como “acordo amigável” ou “transação”, onde as partes, auxiliadas por advogados ou mediadores, buscam equilibrar seus interesses e chegar a um entendimento mútuo. O consenso no campo jurídico é uma alternativa ao litígio, proporcionando eficiência e celeridade na solução de conflitos.
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Filósofos e pensadores têm contribuído para a compreensão do consenso, especialmente na perspectiva ética de construção de uma sociedade mais justa e igualitária. John Rawls, em sua teoria da justiça como equidade, propõe que as decisões políticas e sociais devem ser tomadas através de um véu de ignorância, ou seja, sem conhecimento prévio das posições e interesses dos indivíduos. Isso permite que as escolhas sejam feitas de forma imparcial, buscando o consenso entre as partes envolvidas.
Outro filósofo relevante nesse contexto é Jürgen Habermas, que desenvolveu a teoria do discurso ético-político. Segundo Habermas, a busca pelo consenso deve ocorrer através de uma comunicação livre e aberta, onde todos os participantes tenham a oportunidade de expressar suas opiniões e argumentos. O consenso, segundo ele, só é legítimo quando emerge de um processo de discussão racional, no qual os argumentos são avaliados de forma imparcial.
Assim, a etimologia da palavra “consenso” traz a noção de sentir junto, uma união de percepções e opiniões. Em contextos político e jurídico, o consenso representa a busca por acordos e soluções em comum, visando o bem-estar da sociedade.