Redação Culturize-se
Nos últimos anos, a NFL (National Football League) embarcou em uma jornada notável, abraçando novos modelos de transmissão e pioneirando projetos que remodelaram o cenário das transmissões esportivas. As origens da incursão da NFL no streaming remontam a um encontro crucial na residência de Bill Gates, perto de Seattle. Em uma cúpula organizada pela Microsoft, o comissário da NFL, Roger Goodell, encontrou-se em conversa com o fundador da Amazon, Jeff Bezos. Goodell discutiu o conteúdo da liga e sua potencial sinergia com a tecnologia da Amazon. A conversa provou ser decisiva, e uma parceria foi estabelecida. Agora destrinchada em reportagem de capa do The Hollywood Reporter.
A incursão da Amazon na transmissão de jogos da NFL começou com a transmissão simultânea dos jogos de quinta-feira à noite em 2017, evoluindo gradualmente para um pacote de direitos exclusivos para a temporada de 2021. Este acordo inovador marcou uma virada significativa tanto para a NFL quanto para a indústria de streaming, oferecendo um vislumbre do futuro modelo de transmissão da liga.
No entanto, essa transformação coincidiu com um período desafiador para a NFL. A liga havia se envolvido em controvérsias, desde preocupações relacionadas a concussões até protestos de alto perfil durante o hino nacional. Apesar desses desafios, a NFL respondeu implementando protocolos rigorosos para concussões, introduzindo novos equipamentos de segurança e promovendo o futebol americano de bandeira para mitigar os riscos de lesões.
Durante esse período tumultuado, a classificação de televisão da NFL experimentou flutuações, levantando preocupações entre analistas de mídia. No entanto, a liga reconheceu a mudança no cenário da mídia, culminando em um encontro crucial entre altos funcionários da NFL e executivos do YouTube em março de 2020. Esse encontro preparou o terreno para a próxima rodada de negociações de direitos de TV da NFL, à medida que a liga buscava se manter na vanguarda dos avanços tecnológicos.
Em maio de 2021, a NFL revelou uma série de acordos inovadores de mídia, abrangendo parcerias com NBCUniversal, Disney/ESPN, Paramount, Fox e Amazon, totalizando impressionantes US$ 110 bilhões ao longo de 11 anos. Um ano e meio depois, o YouTube se juntou a essa impressionante lista ao garantir os direitos do pacote Sunday Ticket da NFL para jogos fora de mercado.
Um gigante inigualável
A dominância da NFL na TV ao vivo permaneceu inabalável nos EUA, com 88 dos 100 programas de televisão mais assistidos em 2022 sendo jogos da NFL. Essa visualização excepcional consolidou o status da NFL como um ativo inestimável para seus parceiros de mídia que buscam aproveitar sua enorme audiência.
A capacidade da liga de comandar taxas de direitos sem precedentes pode ser atribuída à sua extensa abrangência, originada na visão do ex-comissário Pete Rozelle. Rozelle reconheceu o potencial da televisão e buscou uma estratégia que tornasse os jogos da NFL acessíveis ao maior número possível de lares. Mesmo a ESPN, a parceira de longa data da liga na TV a cabo, expandiu sua abrangência ao transmitir simultaneamente jogos na ABC.
No Brasil, a ESPN detém a exclusividade nos direitos de transmissão dos jogos da liga. Mais recentemente, a RedeTV! passou a exibir alguns jogos, a grande maioria em formato compacto.
A NFL também abraçou a era do streaming, oferecendo transmissões simultâneas em plataformas como Peacock, Paramount+ e ESPN+. Essas parcerias não apenas aumentaram a acessibilidade, mas também abriram caminho para conteúdo de streaming exclusivo. A bem-sucedida integração da Amazon nas transmissões da NFL demonstrou a viabilidade da tecnologia de streaming e da publicidade.
Em agosto de 2021, a NFL deu um passo audacioso ao trazer seus canais de TV por assinatura, NFL Network e RedZone, para o serviço de streaming direto ao consumidor NFL+, acessível também no Brasil. Essa decisão tornou a NFL Network e o RedZone disponíveis sem uma assinatura de TV por assinatura, reconhecendo as dinâmicas em mudança da TV a cabo.
A busca da NFL pela ubiquidade e pelo controle de seu conteúdo levou a parcerias com plataformas de streaming, resultando em projetos da NFL Films encontrando seu caminho para a Netflix e o Roku Channel. Esses projetos ofereceram uma visão dos bastidores da liga e de seus jogadores, aprimorando a narrativa e a construção de marca. A série “Quarterback”, recentemente lançada na Netflix e produzida por Peyton Manning, é um exemplo.
A colaboração da liga com a Skydance Sports em uma nova empreitada de estúdio exemplificou seu compromisso em criar narrativas e controlar a mensagem. Essa iniciativa visava produzir uma variedade de conteúdo, desde documentários e filmes até séries de TV e programas infantis.
A estratégia de mídia da NFL reflete um cenário em constante evolução, onde a TV aberta continua sendo uma base, mas o streaming promete crescimento exponencial. A disposição da liga para se adaptar e inovar, juntamente com seu foco em parcerias, garante sua contínua relevância e acessibilidade tanto para os fãs atuais quanto para os futuros.
Em uma era de incertezas, a NFL segue a sabedoria de Andy Grove: “O sucesso gera complacência. A complacência gera fracasso. Apenas os paranoicos sobrevivem.” O objetivo da liga é claro – o futebol americano deve permanecer primordial na psique da nação, e do mundo, e está evidente que eles estão abraçando o futuro de braços abertos.