Longa entra em circuito nacional em 24 de agosto e mostra a carnificina que abate um navio inglês que transportava inadvertidamente o famigerado conde drácula
Por Reinaldo Glioche
Este tem sido um bom ano para o Drácula. Depois do divertido “Ranfied: Dando o Sangue pelo Chefe”, em que Nicolas Cage vive o vampirão, chega esse “Drácula: A Última Viagem do Deméter”, que assume um tom mais discreto e até certo ponto solene e investe na atmosfera de horror sem perder de vista a objetividade da trama: prover vítimas para um Drácula tão bestial quanto serial killer.
Essa simplicidade eleva “A Última Viagem do Deméter” enquanto experiência cinematográfica. O design de produção e direção de arte sofisticados incrementam essa experiência transportando o público para o condenado Deméter, um navio cargueiro que tem a infelicidade de acomodar a vil criatura em uma viagem em 1897 da Bulgária à costa londrina.
Por falar no vampirão, o design monstruoso subverte algumas expectativas aqui e ajuda no contexto de ser, ainda que inassumidamente, uma história de origem. Dirigido por André Øvredal, norueguês que tem boas incursões no gênero como “A Autópsia” (2016) e “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” (2019), “A Última Viagem do Deméter” alimenta tensões a partir da expectativa pelo iminente. Há, ainda, a partir de um dado momento, um bem-vindo jogo de gato e rato entre predador e presas.
Tudo isso ratifica a excelente ideia de colocar Drácula em um navio na era vitoriana. O filme é adaptado de um capítulo do clássico de Bram Stoker e reforça a prolixidade do personagem no audiovisual se conceito e concepção estiverem em sintonia.
Øvredal saiu-se com uma definição que merece a deferência pela acuidade: “É como uma casa mal-assombrada no mar, como Alien, mas no oceano. Acho também que há um horror existencial”. “A Última Viagem do Deméter” guarda algumas segundas intenções em sua aparente despretensão, como revelam as últimas cenas, mas isso talvez seja apenas contingência de mercado. Eis um filme muito mais divertido do que se julgava possível e que é tanto sintoma como causa dessa renascença do mais famoso dos vampiros.