Disney explora possibilidades que vão desde a desmobilização de ativos até uma reestruturação semelhante à promovida por Rupert Murdoch quando vendeu a divisão de entretenimento da Fox para a própria Disney
Redação Culturize-se
O boato não é novo e não há nada de oficial a respeito, mas a narrativa está posta e há um bom conjunto de indícios a sustentá-la. A Disney, que reconduziu Bob Iger, o responsável por municiar a empresa para a guerra do streaming com a aquisição da Fox em 2017, no fim do ano passado, se debate com os reiterados prejuízos no streaming e a decadência de alguns outros ativos. Estuda se desvencilhar de redes de TV, minimizar investimentos em produções da Marvel e LucasFilm, entre outras medidas de contenção e readequação financeira.
A seguir, reunimos os indícios que viabilizam a narrativa, em alta na imprensa de entretenimento dos EUA, de que Disney e Apple estão às vésperas de entrar em um relacionamento sério.
Leia também: Os cinco momentos mais bem sacados de “Barbie”
- A ideia de que Bob Iger pode estar se preparando para uma venda é baseada em sua declaração de que as redes de TV lineares da Disney podem não ser essenciais para o negócio da empresa. Essa mudança de foco poderia indicar uma movimentação para simplificar a empresa para uma possível venda.
- A Apple é a menina dos olhos por sua reserva de dinheiro descomunal – seu valor de mercado beira os US$ 3 trilhões – e, embora a empresa não tenha sinalizado qualquer intenção de adquirir um estúdio, a Disney, com valiosas propriedades intelectuais, merece inflexões de qualquer player nessa indústria e a Apple, desde o lançamento da AppleTV+, está definitivamente nessa indústria
- A conexão histórica entre a Disney e a Apple, incluindo o envolvimento de Steve Jobs no conselho da Disney e a subsequente adesão de Bob Iger ao conselho da Apple podem facilitar qualquer negociação. Vale lembrar que no lançamento do Apple Vision Pro, mais cedo neste ano, conteúdo Disney foi um dos destaques
- A guerra dos streamings caminha para um afunilamento de plataformas. Insiders acreditam que apenas alguns continuarão existindo e apontam Netflix, Amazon e Apple como favoritos. Nesse contexto, a Disney pode buscar opções para acomodar seu conteúdo
- O valor dos ativos de TV lineares da Disney é discutido, com especulações de que eles poderiam ser carregados com dívidas e vendidos para capital privado. O preço de venda potencial é estimado em US$ 50 bilhões, considerando sua geração de lucro anual de US$ 7 bilhões.
- Bob Iger está enfrentando um estresse significativo devido a transições na indústria e mudanças na liderança dentro da empresa. Esse estresse pode estar influenciando suas decisões estratégicas, incluindo aquelas relacionadas a uma possível venda.
- Em Wall Street a previsão é de que a Disney possa ser adquirida nos próximos anos e enfatiza a adequação estratégica entre o conteúdo da Disney e a futura tecnologia de realidade aumentada da Apple.
- O negócio, seja de venda parcial ou total, não será fácil do ponto de vista regulatório. A aquisição da Warner pela AT&T e da Activision Blizzard pela Microsoft são exemplos da rigidez de órgãos regulatórios nos EUA e Europa com aquisições de empresas de conteúdo por gigantes da tecnologia.
- Acionistas leais da Disney podem ser cautelosos em relação ao comprometimento de uma empresa de tecnologia com os negócios principais de entretenimento e parques temáticos da Disney. No entanto, o grande número de investidores institucionais pode dificultar para os acionistas individuais o bloqueio de um eventual acordo.
- O livro de memórias de Bob Iger de 2019 mencionou que ele acreditava que, se Steve Jobs estivesse vivo, suas empresas poderiam ter explorado a possibilidade de se unir, indicando uma consideração de longa data desse tipo de acordo.
Como se pode ver, há plausibilidade suficiente em todo esse contexto, mas nada oficial. Na indústria, porém, é muito claro que a Disney estuda formas de diminuir e remodelar sua estrutura. Como isso vai se ajustar a uma possível venda, parcial ou total, para a Apple é algo para acompanharmos com atenção.