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Delicadeza e sensorialidade cativam em “O Espaço Infinito”

Escrito e dirigido por Leo Bello, e protagonizado por Gabrielle Lopes, “O Espaço Infinito” aborda a jornada de uma mulher imersa em um surto psicótico para reencontrar a si mesma

Por Reinaldo Glioche

“A ideia sempre foi fazer deste filme uma jornada sensorial, uma imersão na psique daquela personagem”, observa o diretor Leo Bello sobre a jornada de seu filme sem esconder a satisfação de receber como feedback do repórter que todo o registro facilitava um inusitado devaneio pelo psicológico de Nina, personagem defendida com fervor e devoção por Gabrielle Lopes.

Nina é uma astrofísica que está numa clínica após sofrer um surto psicótico. Sua maior luta é retornar à sua realidade, e, nessa jornada, ela faz um mergulho em sua própria mente, em busca de um caminho. Gabrielle Lopes conta que fez um laboratório para o papel em uma clínica para se aclimatar à realidade da personagem.

O Espaço Infinito
Foto: Divulgação

O desafio em “O Espaço Infinito” não era simples. “Este não é o primeiro filme a abordar a loucura”, expõe Bello, “mas há sempre a disposição de fazê-lo pela perspectiva da razão”. Assumir como diretriz mergulhar a audiência no processo desconstrutivo e reconstrutivo de Nina representa, portanto, uma ousadia tanto narrativa quanto dramática.

Algo que Bello e Lopes abraçaram sem olhar para trás. “Retratar a Nina em crise sem cair em estereótipos ligados à chamada ‘loucura’, foi um desafio a cada momento, por isso me aproximei à temática desde diferentes pontos de vista”. A composição técnica do filme, nesse sentido, foi providencial para promover esse encontro sensorial.

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A fotografia de Pedro Maffei, destaca Lopes, foi essencial para transportar a audiência, e a atriz generosamente sabe se pôr nesse papel quando preciso, para dentro da transtornada mente de Nina. Bello admite verbalmente o compositor Tchaikovski como referência e visualmente seu filme bebe muito da fonte de Terrence Malick.

O fato da protagonista ser uma cientista serve ao objetivo de dualizar essa cientificidade da loucura, da objetividade da razão. “A loucura é uma face da vida. Todos nós estamos sujeitos a surtos”, teoriza o diretor. Gabrielle Lopes reforça o viés de acolhimento das incertezas que o filme viabiliza. Embora exija atenção de seu espectador, “O Espaço Infinito” se destaca pela abordagem corajosa e desimpedida do (des)império da saúde mental.

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