O novo Wes Anderson abraça a melancolia

O novo Wes Anderson abraça a melancolia

Reinaldo Glioche | Fotos: Divulgação

"Asteroid City" traz toda a iconografia visual do cineasta e é ainda mais cartunesco nos arranjos, na concepção de cena e nos diálogos, mas se diferencia por abraçar uma melancolia inédita na filmografia de Anderson.

A grande maioria dos personagens estão mergulhados em profundas crises existenciais e há até uma quarentena em um determinado momento do filme, dilatando a percepção da influência da pandemia no longa

A despeito da metalinguagem exacerbada, uma brincadeira narrativa ainda mais adensada do que em "A Crônica Francesa", a tristeza é quase palpável nesse novo petardo estético do cineasta.

Outro atrativo do filme, cuja duração ultrapassa a hora e meia, é o elenco. Há um verdadeiro desfile de atores, muitos já colaboradores habituais, como Edward Norton e Tilda Swinton, e outros bem-vindas adições como Tom Hanks e Margot Robbie.

"Asteroid City" não figura entre as grandes obras de Anderson, embora seja uma realização vistosa tanto do ponto de vista dramático como da perspectiva estética. Todavia, se configura como uma defesa veemente da perseverança. "É preciso seguir contando a história", advoga um personagem em dado momento. A tristeza não pode ser aquela a nos definir. É uma boa ideia para se defender em um longa tão bonito.