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Mul.ti.plo promove bate-papo entre artista Renata Tassinari e o crítico Paulo Venancio Filho

Redação Culturize-se

A Mul.ti.plo Espaço Arte, localizada no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, promove um evento de discussão com a artista Renata Tassinari e o crítico Paulo Venancio Filho. O foco do diálogo, que ocorrerá na quinta (10), às 18h30, com entrada gratuita, será a obra da renomada pintora paulista, atualmente apresentada na exposição intitulada “Construções Planares”, em exibição na galeria até o dia 18 de agosto.

Durante esse evento, os presentes terão a oportunidade de explorar de perto uma série de 12 pinturas feitas sobre acrílico transparente, combinado com acrílico espelhado – um material recentemente incorporado à produção artística da pintora. Essas pinturas, em formatos tridimensionais surpreendentes, adquirem uma qualidade quase objetual, estabelecendo um intrigante jogo de percepção entre o aspecto industrial e o artesanal.

Obra de Renata Tassinari

O cerne do trabalho de Renata Tassinari reside na cor. Sua paleta é composta por tonalidades singulares, resultantes de suas próprias misturas. Paulo Venancio explica que “as cores são selecionadas considerando propriedades como transparência, opacidade, reflexos e texturas, numa abordagem calculada e diversificada de experiências visuais. Esse domínio também se manifesta na seleção dos materiais – como madeira, acrílico e espelho –, que se integram à pintura”. Através dessa habilidosa combinação de elementos, as cores de Renata Tassinari aparentam desvincular-se do suporte, ganhando uma espécie de corporeidade.

Uma particularidade do trabalho de Renata, destacada na exposição da Mul.ti.plo, é a pintura sobre acrílico. O material, originalmente utilizado como uma moldura, agora é incorporado como suporte essencial em suas obras. Tanto na frente quanto na parte de trás, a artista aplica generosas camadas de tinta a óleo ou acrílica. O resultado é a intensificação das cores e um acabamento mais limpo e sintético. Maneco Müller, sócio da Mul.ti.plo, reflete sobre essa transformação: “Embora o resultado final possa ter uma certa qualidade industrial, na realidade a produção é profundamente artesanal. São obras de imensa qualidade que instigam a observação, convidando-nos a escapar de um mundo saturado de imagens. O trabalho de Renata nos desafia a responder a essa atrofia da percepção.”

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Tridimensionalidade

Renata Tassinari e Paulo Venâncio | Foto: Pedro Mota

Outro destaque do singular trabalho de Tassinari é sua habilidade em criar uma sensação de espacialidade. Suas obras apresentam geometrias variadas, como as formas em L ou U. A própria artista menciona a criação exclusiva de múltiplos intitulados “Leblon”, desenvolvidos especialmente para essa exposição, formados por três cores que podem ser apreciados tanto vertical quanto horizontalmente. Renata revela: “Outra novidade na minha pintura são os formatos alongados, que fogem das convenções pictóricas, como em ‘Marola-Narciso’ (194 x 350 x 5 cm).” O título da exposição busca revelar a natureza planar de uma pintura que se constrói como objeto tridimensional. Paulo Venancio explica: “A pintura de Renata é uma construção feita geralmente de elementos separados, que ela une como se fossem objetos. É uma pintura tridimensional, construída como um objeto.”

Renata Tassinari, altamente estimada entre críticos, curadores e colegas, lançou sua carreira há mais de três décadas. Sua primeira exposição ocorreu em 1985, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Paulo Venancio observa que, embora sua carreira tenha se iniciado na mesma época que a Geração 80, seu estilo difere das tendências predominantes naquele período. Ele afirma: “O trabalho dela é distinto do abstrato que era comum na época e também se diferencia da pintura contemporânea das últimas décadas. Há uma série de sutilezas que, quando combinadas, conferem à sua obra uma singularidade única.”

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