Mostra é composta por uma série de retratos da premiada Sirli Freitas e uma instalação multimídia em collab com as trançadeiras haitianas Lutania Charles e Sophonia Elysee
Redação Culturize-se
O Museu da Imigração (MI), instituição vinculada à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, destaca a exposição temporária “Chegança: Um lugar ao sol e um lugar ao sul”, que fica em cartaz entre 12 de agosto e 3 de dezembro. A mostra apresentará uma série fotográfica de Sirli Freitas, vencedora do XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, em diálogo com uma instalação multimídia criada em colaboração com as trançadeiras haitianas Lutania Charles e Sophonia Elysee.
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O objetivo da exposição é trazer percepções sobre a realidade dos haitianos que migraram para o sul do Brasil em busca de melhores oportunidades de trabalho e de uma vida mais digna. Através das obras, o público terá a oportunidade de entrar em contato com nuances desse tema complexo e navegar por referências de nostalgia, memória, denúncia e esperança.
A primeira parte da exposição, intitulada “Os Iletrados”, apresenta uma série de retratos que refletem a realidade e o imaginário da comunidade de mais de 15 mil haitianos que vivem na cidade de Chapecó, interior do estado de Santa Catarina. Com tons frios, as imagens são uma lente de aumento para a desumanização enfrentada por esses imigrantes, que são submetidos a abusos de poder desde os meandros do processo migratório até as condições de vida e trabalho na agroindústria local.
Na sequência, o espaço multimídia da exposição contará com fotografias, video-cartas e uma instalação feita de tranças. A colaboração intitulada “Trançando Caminhos” guiará os visitantes por símbolos que remetem à memória, afetividade e dignidade, criando uma composição artística que aponta caminhos para a construção da identidade desses imigrantes em seu novo território. Espiritualidade, alimento e beleza são elementos destacados como tríade de resistência e humanização nessa iniciativa.
A fotógrafa e jornalista Sirli Freitas, conhecida por sua fotografia documental e de retratos, traz a identidade do seu trabalho autoral para essa exposição. Em seu portfólio, contempla o registro de culturas que frequentemente ficam à margem da sociedade, como as comunidades indígenas de Chapecó – Toldo Chimbangue e Aldeia Condá – e os imigrantes haitianos. Suas abordagens incluem temáticas como cultura, ancestralidade, resistência e gênero. Além disso, ela é uma das idealizadoras do primeiro Museu Multimídia Kaingang de Santa Catarina, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na 35ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Sirli também participou do projeto “A casa é um mar cheio de porto”, no qual registra o processo de migração a partir de diferentes perspectivas.
A exposição “Chegança: Um lugar ao sol e um lugar ao sul” promete ser um retrato emocionante e reflexivo da experiência dos imigrantes haitianos no sul do Brasil, convidando o público a se conectar com suas histórias e trajetórias. Com a combinação da fotografia de Sirli Freitas e a colaboração artística das trançadeiras haitianas, a mostra cria uma narrativa única e tocante sobre os desafios e a resiliência desses indivíduos em sua busca por uma vida melhor.