Espaço coletivo de criação e divulgação das artes visuais no Centro do Rio recebe primeira mostra individual da artista
Redação Culturize-se
A artista gaúcha Lucia Meneghini, que vive no Rio de Janeiro, inaugura sua primeira mostra individual nesta sexta (4) no Ateliê 31, um novo espaço de arte contemporânea na cidade, dirigido por Shannon Botelho e inaugurado em maio deste ano. Nesse espaço, artistas diferentes têm seus ateliês e trabalham de forma colaborativa, criando uma atmosfera criativa única.
A exposição, intitulada “Espaços Etéreos”, foi curada por Hernani Heffner, um nome normalmente associado à área do cinema, o que traz uma abordagem inovadora às obras presentes na mostra. “Espaços Etéreos” conta com 24 quadros inéditos, criados em 2023, de diferentes formatos e técnicas, com destaque para o uso de pigmentos químicos e minerais e monotipias a óleo, além de desenhos e aquarelas.
A exposição ficará em cartaz até 5 de setembro. Para visitar a mostra, é solicitado ao público que agende as visitas por telefone ou WhatsApp (21 9 9552 4086) e a entrada é gratuita.
A trajetória profissional de Lucia Meneghini esteve por muitos anos ligada ao mercado publicitário, onde trabalhou como diretora de arte. No entanto, seu interesse pela pintura despertou na década de 1990. Ela possui pós-graduação em Belas Artes pela University of West of England – UWE Bristol e aprofundou seus conhecimentos nas artes visuais como aluna visitante da Kunstakademie Düsseldorf, onde estudou pintura com Markus Lüpertz e Siegfried Anzinger, e gravura com A. R. Penk. Seu trabalho mais antigo era marcado pelo cruzamento de suportes, influência neo-expressionista alemã e uma aproximação emocional com o mundo. Por meio de sua participação em várias exposições coletivas, incluindo a 4ª Biennale d’Arte Contemporanea di Salerno LUNATICA em 2021, e integrando coleções como a de Gilberto Chateaubriand no MAM-Rio, Meneghini ganhou reconhecimento no cenário artístico.
A ecologia do olhar
A exposição “Espaços Etéreos” é dividida em três seções temáticas: cinema, cidade e espaço sideral. Cada uma dessas seções procura ressaltar a qualidade expressiva presente nas diferentes abordagens e temas das obras, além de explorar o complexo jogo de planos explorado pela artista. Segundo o curador, Hernani Heffner, o que mais se destaca no conjunto é a supressão da luz e da profundidade, permitindo um redimensionamento da relação com o espaço pictórico, destacando o ato de olhar como uma experiência central na apreciação das obras.
Meneghini se reinventou artisticamente após o período de pandemia, encarando-o como uma nova fase de seu trabalho, com uma visão otimista e ligada à reconquista literal e figurada do espaço. Sua obra se caracteriza por uma descontração rigorosa e expressão contida e misteriosa, resultando em uma reconfiguração de elementos comuns, muitas vezes de maneira surreal e lúdica.
A exposição é uma viagem por memórias audiovisuais, pelas ruas do Rio de Janeiro e pelo conhecimento alquímico do universo, explorando o interior, o exterior e o além. Com imagens recorrentes, como astros, plantas e cenas de filmes icônicos, combinadas com rastros de cor e contornos do mundo, Meneghini propõe uma nova ecologia do olhar, convidando o público a refazer suas referências, experiências e sensibilidade, adentrando um “Novo Mundo”.
A interação entre cinema e arte proporciona uma experiência visual única, permitindo um diálogo renovado sobre a natureza e o valor das referências visuais que nos cercam. Através de suas obras, Lucia Meneghini nos convida a explorar e a redescobrir os espaços etéreos que habitam em nossas mentes e corações.