Tom Leão
Faz 40 anos (fará 41, agora em agosto) que o Digital Audio Compact Disc, o popular CD, foi lançado. E, para começar, a minha pergunta é: quem aí se lembra de qual foi o seu primeiro disquinho prateado adquirido? O meu, foi o primeiro álbum do Sugarcubes, ‘Life´s too good’ (1988), comprado numa lojinha especializada em rock, nos EUA. Foi usado para testar meu primeiro CD player, um robusto modelo portátil da Sony, que vinha com aquele adaptador para ligar no isqueiro do carro e, também, um platô para acopla-lo no painel do automóvel (que, só funcionava mesmo nas retas e limpas estradas americanas, aqui pulava sem parar hahaha). Mas, ligado no meu receiver caseiro, tirava um som muito bom. Afinal, naqueles tempos, os aparelhos eram Made in Japan e muito bem feitos.
E, isso aconteceu cinco anos depois do surgimento do CD em certas partes do planeta (sobretudo, fora do Japão, parte da Europa e nos EUA). Porque, a princípio, a mídia era cara e, os tocadores, mais caros ainda. No Brasil, um de mesa chegava fácil na casa do que, hoje em dia, seria uns dois mil reais. A primeira vez que vi um aparelho de perto, foi visitando a sede da gravadora Philips/PolyGram, na Barra/RJ. Lá, na sala de um diretor, havia um belo aparelho de mesa da Philips (que, desenvolveu a tecnologia, junto com a japonesa Sony) e alguns exemplares do disquinho, todos importados. Ainda vivíamos a era do vinil. E, só no começo dos 90s, a transição seria feita.
O meu primeiro tocador, tenho até hoje. Só que, agora, ele não lê mais os discos, depois de um tombo e do tempo de uso. Mas, liga. Depois dele, tive vários portáteis e alguns embutidos em micro systems. Solo, de mesa, só muito tempo depois, quando baratearam. Com o tempo, passamos a tocar os CDs em aparelhos de DVD, e mesmo nos primeiros consoles PlayStation. Nesse meio tempo, surgiu a versão gravável, usada nos computadores/PCs, que abriu caminho para a pirataria musical que abalou a música, antes do iPod.
Quando o Compact Disc foi lançado, há quatro décadas (primeiro, pela Philips, em agosto de 1982; depois, pela Sony, em outubro do mesmo ano), sua ideia/conceito já estava desenvolvida há pelo menos uns 20 anos. Ainda nos 60s, a mesma Philips inventou a fita cassete, e os discos de vinil em Hi-Fi Stereo ainda eram novidade. Então, não dava pra sair com um novo formato tão logo (que seria ainda mais caro para desenvolver os aparelhos, visto que a empresa já estava trabalhando no vídeo cassete caseiro, também com a Sony) e matar tanto os toca-discos quanto os toca-fitas, muito populares. É preciso esperar que um ciclo se cumpra para que um novo chegue. Enquanto isso, a japonesa Sony dominou o mercado com os tocadores portáteis, os walkman (fita cassete) e, depois, os discman.
Por isso, as duas empresas esperaram um certo tempo para lançar. E, a duração de 74 minutos no disco digital, foi escolhida de acordo com a duração de uma sinfonia que o presidente da Philips costumava ouvir. Depois, a duração foi estendida para 80 minutos, virando padrão.
Os CDs, viraram, também ferramenta de armazenamento, como CD-Rom, CD-R (gravável apenas uma vez), Vídeo-CD (depois DVD), Photo/Picture-CD e o CD-RW (regravável), que ajudou a matar o próprio mercado de CDs e facilitou a pirataria de música e games (o primeiro PlayStation, vinha com jogos gravados em CD e aceitava cópias) até parar no SACD (Super Audio CD), com qualidade de som superior, que não emplacou (tive um DVD player que o aceitava, mas nunca o disco).
Para evitar a pirataria, alguns CDs, chegaram a vir com um sinal que impedia a sua cópia ou reprodução em certos aparelhos (muitos destes não tocam em portáteis ou aparelhos mais antigos), o Control Copy. Contudo, ainda hoje, o CD é apreciado por sua qualidade superior de áudio (ainda que os graves do vinil sejam mais encorpados, fato) e facilidade de armazenamento, apesar de competir com outras mídias. É muito melhor do que ouvir música via streaming, que é muito comprimida, perde muitos detalhes.
Na virada do vinil para o CD, muita gente vendeu sua coleção de vinis sem pensar (um erro). Eu, fui mais precavido. Como, na época, virada dos 80s pros 90s, tinha uns cinco mil discos de vinil, reduzi para cerca de dois mil, ficando com os títulos mais raros. Até porque, ainda hoje, nem todo vinil é encontrado no formato CD. Ou, são lançados como dois-em-um, com as capas originais alteradas. Mas, como tudo dá voltas, só este ano a venda de CDs perdeu para a de vinil, em mais de 30 anos, por conta da maior procura dos bolachões por colecionadores, puristas e galerinha modinha (muitos sequer tem toca-discos em casa, mas compram os LPs). Mas, fica a dica: conserve seus CDs mais queridos. Pois ainda é bem melhor ouvi-los numa boa aparelhagem, do que nos comprimidos serviços de streaming que, nem sempre, tem todos os catálogos.