Tom Leão
No dia 2 de julho de 1979, a Sony introduziu ao mundo um aparelho realmente revolucionário: o primeiro walkman (tocador portátil de fita cassete). Se até aquele momento, o máximo que você tinha de som portátil era o rádio transistor de pilhas, com aquele fone mono de som horrível (chamado aqui de ‘egoísta’), o walkman não apenas nos dava a possibilidade de ouvir as nossas próprias fitas cassete em qualquer hora e lugar, e com fones de ouvidos estéreo!
Vocês não imaginam como foi libertador. Eu, que já trabalhava como office-boy numa firma na cidade, ganhando o mínimo, contei as horas para a novidade chegar aqui (antes, vieram umas cópias chinesas, da marca Unicef). E, quando chegou o Sony, uns dois anos depois (nunca tive o original, azul com fones laranjas, mas um prateado, pouco menor), gastei quase todo o meu salário comprando o meu primeiro walkman, que apenas tocava fitas (ainda sem rádio FM) e que não tinha o (depois comum) recurso de auto-reverse, que mudava o lado da fita automaticamente. Isso deve ter sido por volta de 1982, uns 40 anos, portanto.
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Agora, dava para fazer uma seleção caseira com as nossas músicas favoritas (sem depender do que tocava no rádio) e sair por aí. Ou, comprar um cassete original (os nacionais, tinham um som ruim, valia à pena investir nos importados). O gasto em pilhas era alto, visto que mal duravam duas horas. O lance era comprar alcalinas que, a médio prazo, dava o preço de comprar um aparelho novo. Mas, valia à pena.
Depois deste meu primeiro Sony prata, simples, ganhei um mais robusto, com auto-reverse e gravador, quando fui trabalhar na TV Globo (meu chefe direto era o finado Roberto Talma, que me deu um de natal). Com este, gravei o histórico show do Echo & the Bunnymen, no Canecão. Perto do final dos 80s, fiz minha primeira viagem a NYC, e, lá, comprei um Sony fininho, que além de gravar, ter FM e auto-reverse, também vinha com baterias recarregáveis! Ainda tenho este aparelho guardado (foto). Ele é japonês e todo feito em metal, e, atualmente, só funciona o rádio FM.
Continuei comprando aparelhos Sony por diversos motivos: uns, vinham com alto-falantes externos, painel digital programável (para estações FM), sistema de som mega bass; outros, com sintonia de canais de TVs, corpo mais fino e leve e usando apenas uma bateria AAA (a ‘pilha palito’), que durava mais horas. O meu final, que continua funcionando, foi na década passada, numa viagem a trabalho, quando entrei numa decadente Sears, e vi um dos últimos modelos a serem fabricados pela Sony, pela bagatela de 20 dólares (os anteriores, sempre custavam acima dos 50 dólares).
Só temos a agradecer a Masaru Ibuka, um dos fundadores da Sony, que teve a ideia do walkman, por sentir falta de se locomover ouvindo música pela firma (o que ele gostava muito de fazer), sem ter de carregar um toca fitas pesado e com som ruim/mono. O conceito ‘walkman’, depois, foi utilizado em tocadores portáteis de CD (os discman) e MD (os maravilhosos mini disc, de vida curta). Aí, chegaram os iPods, e o jogo mudou, de novo.