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Troque um humorista pelo ChatGPT!

Edson Aran e ChatGPT

No Brasil, as restrições à graça aumentam com mais rapidez do que o déficit público. Vira e mexe alguém tira do baú o velho tema do “limite do humor”. Dancinha no Tik Tok, meme com gente revirando os olhos, princesa Disney discursando contra o patriarcado… tudo isso é muito chato, mas o “limite” é pior.

Alguém pode ditar o tema de um poema?

Alguém deve limitar a harmonia de uma melodia?

Alguém precisa definir a trama de um romance?

O dramaturgo português Gil Vicente (é do século 16 e não tem Instagram, desculpe) dizia que “rindo, corrigem-se os costumes”. Mas se certos costumes são intocáveis, como serão corrigidos?

Fui trocar uma ideia com o ChatGPT. A Inteligência Artificial, afinal, é municiada com todos os conceitos, pré-conceitos, devaneios, bobagens, malandragens e politicagens que o ser humano já inventou. Logo, é teoricamente capaz de produzir um humor que atenda a todos os parâmetros estabelecidos pela evolução humana, certo?

“ChatGPT, me conte uma piada”.

Saiu isso:

“Qual é o doce mais legal?

O sorriso!”

Reclamei que a piada não ofendia, mas também não divertia. Resolvi facilitar a… vida?…. da Inteligência Artificial e pedi uma de papagaio.

Saiu isso:

“Por que o papagaio não usa celular?

Porque ele já tem um ‘pen-dente’ para fazer ligações!”

Hã. Ok. Mas onde estava a graça?

“Peço desculpas se a piada não foi engraçada. A piada foi baseada em um trocadilho entre a palavra ‘pendente’ (um adorno que se usa no pescoço) e a palavra ‘dente’. A ideia é fazer uma associação humorística entre o uso de um ‘pendente’ como se fosse um telefone celular e o fato de papagaios terem bicos, que se assemelham a dentes. No entanto, o humor é algo bastante subjetivo e nem todas as piadas agradam a todos.”

A explicação foi ruim, mas pelo menos a IA reconheceu que o humor é subjetivo, logo não pode ser submetido a um limite que, por definição, tem de ser objetivo.

Para encerrar, pedi uma piada de galinha, mas com uma pegada absurdista.

Olha o que saiu:

“Por que a galinha atravessou a rua?

Porque decidiu que a noção de rua e de atravessá-la é apenas uma construção social e não tem nenhum significado intrínseco ou objetivo. Então, ela simplesmente foi em direção à ambiguidade existencial da existência galinácea”.

Droga. Acho que perdi o emprego.

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