Na última coluna, a propósito do filme “Air”, passado em 1984, comentamos que, no primeiro “De volta para o futuro”, McFly retornava 30 anos no tempo (a partir de 1985), e, na época, aquilo parecia um bocado de tempo. O que dizer então de hoje em dia, quando a maioria dos filmes e séries retrôs se passam nos anos 90, trinta anos atrás?!? Me sinto o próprio Matusalém. Porque, para mim, os 90s foram ontem. Acabei de ouvir o “Nevermind”, do Nirvana (e chapei!); o “Play”, do Moby; e de assistir aos capítulos da semana de “Buffy, a caça-vampiros” e “Arquivo X”. Pois é. Dependendo do ano da década, está tudo na casa dos 25/30 anos, atualmente.
Uma série recente (que foi a minha nova favorita do ano passado), “Yellowjackets” (Paramount+), um drama de sucesso originalmente do canal Showtime, sobre um time de futebol feminino de escola que fica perdido na mata canadense — após a queda do pequeno avião em que estavam –, nos leva diretamente para os anos 90, sem escalas. Do visual grunge de uma personagem às referencias, tudo grita ‘90s!’ na sua cara, enquanto que uma trama supõe que, após alguns meses na mata, o grupo pode ou não ter recorrido ao canibalismo. A série tem também uma das melhores trilhas sonoras da televisão no momento. Geralmente, quando acabo de assistir, acabo indo pegar algum CD de minha coleção para relembrar alguma que tocou (Hole, Garbage, Nine Inch Nails etc).
Pois é. A nostalgia nunca para, apenas muda de época. Mas, tudo bem. Porque, quando a supervisora musical Nora Felder nos presenteia com uma cover de Florence Welch (da banda atual Florence & The Machine) para uma música do No Doubt, nós é que ganhamos. Sem contar que, duas atrizes que crescemos junto com elas, na década de 90, encabeçam o elenco, em sua fase dias de hoje (os episódios se passam em dois tempos): Juliette Lewis (a maluquinha oficial) e Christina Ricci (nossa gótica favorita). Em suas versões 90s, uma é uma menina grunge; outra, uma nerd.
Assim, a trilha sonora da segunda temporada de “Yellowjackets” segue os passos de sua primeira temporada, trazendo ainda mais faixas de rock alternativo (sim, não há chance para o pop comercial) bacanas dos anos 90, e também dos 00s, para a telinha. Desta forma, os Millennials mais velhos podem se lembrar, a Geração Z pode expandir seus conhecimentos musicais enquanto torna as músicas virais no TikTok, e todos ganham! Não à toa, a venda de CDs aumentou, recentemente. Será que isso influencia?
Felder disse à Variety que ela e os showrunners queriam que a música fosse uma personagem da série, e que para nova temporada (que já está acabando) isso seria ainda mais forte. A estreia da segunda temporada começa com ‘Seventeen’, de Sharon Van Etten, passa por ‘Last Resort’, de Papa Roach, e fecha com ‘Cornflake Girl’, de Tori Amos (linda!). Enquanto a temporada não termina, listamos algumas das músicas mais relevantes que já rolaram:
Episódio 1: “Friends, Romans, Countrymen”
- ‘Seventeen’ – Sharon Van Etten
- ‘Drown’ – Smashing Pumpkins
- ‘A Night in Rio’ – Graham Francis de Wilde
- ‘#1 Crush’ – Garbage
- ‘Last Resort’ – Papa Roach
- ‘Cornflake Girl’ – Tori Amos
Episodio 2: “Edible Complex”
- ‘No Room for a Nihilist in Hollywood’ – Peachy!
- ‘Inertia Creeps’ – Massive Attack
- ‘Climbing up the Walls’ – Radiohead
Episodio 3: “Digestif”
- ‘When I Go Walkin’’ – Popecoke
- ‘Seether’ – Veruca Salt
- ‘Take Me Down’ – Sonica Disturbia
- ‘Full Time Jack Move’ – Larry Thomas West
- ‘Bells for Her’ – Tori Amos
Episodio 4: “Old Wounds”
- ‘No Return’ – Alanis Morissette
- ‘Angst in My Pants’ – Sparks
Episodio 5: “Two Truths and a Lie”
- ‘What’s Up?’ – 4 Non Blondes
- ‘Big Mouth’ – Necking
- ‘Mother’ – Danzig
Aguardando, ansiosamente, como a temporada de “Yellowjackets” vai terminar, e quais músicas vão entrar nela, para montar aquela mixtape bacana e viajar como se estivesse nos 90s, hoje.
