Redação Culturize-se
A atriz francesa Adèle Haenel, estrela do filme “Retrato de uma Jovem em Chamas”, anunciou sua aposentadoria da indústria cinematográfica, citando a complacência e indiferença da indústria francesa em relação ao movimento #MeToo como motivo de sua decisão.
Em uma carta aberta publicada no site Télérama na última semana, Haenel afirmou que desejava usar a declaração pública de sua aposentadoria como uma forma de denunciar a “complacência geral” dentro da indústria francesa em relação aos agressores sexuais.
“Eles se unem para proteger os [Gerard] Depardieus, os [Roman] Polanskis, os [Dominique] Boutonnats”, escreve ela em sua carta ao Télérama, referindo-se a três das figuras mais proeminentes do cinema francês acusadas de abuso. “Eles se incomodam com o barulho que as vítimas fazem. Prefeririam que nós desaparecêssemos e morrêssemos em silêncio.”
Ela não está sozinha nesse ato de indignação. A inglesa Ruth Wilson, conhecida por seus papeis nas s´ries “Luther” e “The Affair” recentemente expressou sua opinião sobre a hipocrisia em Hollywood diante das revelações do movimento #MeToo.
Em entrevista ao The Guardian, a estrela de Luther chamou de “extraordinário” ver pessoas em Hollywood ignorando os abusos na indústria e depois fingindo se importar por causa de sua popularidade. “É de se louvar o instinto de sobrevivência. Você percebe como essa indústria é volúvel. Não há coluna vertebral moral”, disse a atriz de 41 anos.
Wilson, que abandonou “The Affair” em meio a denúncias de abuso, revela desencanto com a indústria. “Tantas pessoas realmente não acreditam em nada – apenas no que lhes dá dinheiro… São oportunistas. Você percebe isso. Mas isso te faz sábio sobre o que você quer, o que é importante”, disse ela que urge por uma era em que os estúdios não “empurrem NDA (contratos de confidencialidade) goela abaixo”.
Wilson acredita que muitas atrizes fecharam os olhos para o comportamento abusivo do ex-produtor Harvey Weinstein principalmente porque ele sabia “como conseguir Oscars para as pessoas”.
Haenel segue linha parecida em seu desagravo: “Aqueles com poder dentro da indústria efetivamente “cancelaram” o movimento #MeToo na França. Vocês têm o dinheiro, a força e toda a glória, (mas) vocês não me terão como espectadora. Eu os cancelo do meu mundo.”