Por Reinaldo Glioche
Lançado pelo streaming Tubi no fim de 2022, “O Nascimento do Mal” ganha lançamento nos cinemas brasileiros neste mês de maio fundamentalmente porque o gênero terror vai muito bem nas bilheterias nacionais e porque a estrela do filme, Melissa Barrera, está em alta em outra franquia do gênero, ela é a protagonista do novo ciclo de filmes de “Pânico”.
Independentemente dessas imposições de mercado, o filme merece mesmo o destaque na sala escura. Dirigido pela novata Lori Evans Taylor, que também assina o roteiro e está tão bem cotada que será a responsável pelo roteiro do reboot de outra franquia de horror, “Premonição” (Final Destination”), “O Nascimento do Mal” é mais um exemplar que mostra como a maternidade, ou a perspectiva dela, fomenta boas ideias para o horror.
Julie (Barrera) e Daniel (Guy Burnet) mudam para uma casa antiga em um bairro novo na expectativa de superar um trauma que abalou a relação deles. A gravidez ajuda a deixar o clima mais leve e propício a muita cumplicidade e otimismo. Um acidente, porém, faz com que Julie precise passar as oito últimas semanas da gestão em completo repouso. Ela, então, passa a receber a visita de um menino, o que médico e marido entendem ser algum tipo de surto psicótico motivado pelo estresse da gravidez.
“O Nascimento do Mal”, que a bem da verdade é um nome ruim para o original “Bed Rest” – repouso na cama -, se alimenta da sensibilidade aguçada que uma mulher grávida experimenta, e oferta o sobrenatural sem nunca perder a ciência de vista, um cuidado narrativo que merece elogios. Além do mais, Barrera parece ter aprendido com a atuação ruim no quinto “Pânico” e aqui entrega empenho e devoção a uma personagem acuada pelo próprio corpo, pela mente e, de certo modo, por quem mais ama.
No fim das contas, tudo é bem amarrado em “O Nascimento do Mal”, um entretenimento honesto para fãs de horror e que, algumas condescendências à parte, agrega valor a obras como “Mama” (2013), “Umma” (2022), “Lamb” (2021), entre outros.