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As estratégias dos estúdios para reduzir prejuízos no streaming

Reinaldo Glioche

À medida que nos aproximamos da metade da terceira década do século XXI, a famigerada guerra dos streamings dá os primeiros sinais de desaceleração com os estúdios reavaliando suas estratégias para as plataformas de streaming e com acionistas mas impacientes diante de resultados tímidos.

A Warner Bros. Discovery (WBD) lidera esse movimento e assume posições que tem desagradado muitos assinantes, mas que parecem se tornar tendência nesse momento entre os estúdios em Hollywood. A empresa chefiada por David Zaslav cancelou o lançamento de filmes já prontos, como “Batgirl”, e retirou produções originais de seu streaming, a HBO MAX, como “Love Life” e “Westworld”, para evitar pagar royalties aos artistas. Tudo parte de um esforço para minorar gastos.

Foto: divulgação

Os streamings da WBD atingiram 96,1 milhões de assinantes no último trimestre de 2022, um aumento de 1,2% em relação ao período anterior. Assim como outras grandes plataformas, como Disney+ e Paramount+, o setor de streaming da WBD também registrou perdas. O prejuízo foi de U$ 217 milhões. Bem inferior ao registrado no semestre anterior, que foi de U$ 600 milhões.

Do ponto de vista de Wall Street, portanto, as estratégias de Zaslav têm surtido efeito no curto prazo. A WBD reavalia agora como proceder em relação à anunciada fusão de suas plataformas (HBO MAX e Discovery+). Apesar de já ter uma previsão de lançamento para os EUA, ainda não há consenso sobre o nome e a descontinuação das plataformas existentes.

A saga da Netflix

Enquanto muitos analistas entendem que a Netflix pode ter chegado ao seu teto, a empresa se debate para mostrar que este não é o caso. Por isso já implementa, ainda em fase beta em alguns países, uma política contra o compartilhamento de senhas que onera as contas que são acessadas em lugares diferentes. É uma estratégia arriscada porque irrita muitos assinantes e, em uma primeira análise, depõe contra o próprio modelo de negócio.

Análise mais detida, porém, revela que a estratégia faz sentido se aplicada de maneira gradual e pedagógica. A empresa lançou recentemente um pacote com anúncios e sem acesso a todo o seu conteúdo original por um preço mais barato.

O resultado foi um crescimento acima das expectativas no 4º trimestre de 2022 e a reconquista da confiança de Wall Street na capacidade de atrair assinantes e de sustentá-los. Algo que a Disney começa a perceber que pode não ser tão fácil assim. Embora siga firme em mercados como a América Latina, a empresa perdeu assinantes pela 1ª vez nos EUA desde o lançamento do Disney+.

Foto: montagem/reprodução

A empresa já adota a prática ensejada pela WBD de retirar alguns conteúdos originais de suas plataformas para mitigar os prejuízos obtidos por suas operações no streaming, bem como estuda a viabilidade de oferecer o conteúdo do FX e do Star dentro do Disney+ em alguns mercados.

Já a Paramount+ anunciou que vai integrar produção e conteúdo de seu canal premium Showtime, o que fará com que aumente em U$ 2 a mensalidade nos EUA. No Brasil, existe a aposta de que o esporte, mais precisamente as competições Libertadores e Sul-Americana, atraiam novos assinantes. Haverá comercialização de cotas publicitárias para equalizar o investimento.

O peso dessas estratégias

Essas estratégias não são exatamente populares, mas necessárias para redimensionar a atuação dos estúdios depois de investimentos pesados no streaming. Passado o ímpeto dos primeiros anos, esse mercado ainda precisa se mostrar viável e vale lembrar que ainda vai enfrentar a regulação em muitos países, Brasil inclusive, o que inevitavelmente irá onerar mais os estúdios.

Não é possível, ainda, mensurar se todas essas estratégias vão ser bem sucedidas. Algumas são paradigmáticas e outras, pontuais. O tempo irá dizer quais são quais. Fato é que o público também terá que ajustar suas expectativas.

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