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Formar leitores não é fácil, mas devemos ser mediadores da literatura

Cléo Busatto*

Que ler é condição básica para o exercício da cidadania, ninguém tem dúvida, mas reconhecer a importância da leitura literária, da subjetividade e da fantasia, na formação do ser humano, ainda não é entendimento da maioria. Poucos percebem a literatura como uma linguagem simbólica capaz de revelar as diferentes dimensões do sujeito.

Foto: divulgação

A literatura favorece o reencantamento pela vida. Existem livros que nos transformam e nos fazem pensar de uma forma como não tínhamos pensado antes. Permitem conhecer camadas da realidade desconhecidas até então. Livros que provocam alterações na nossa forma de ver, pensar, sentir e estar no mundo. Alteram as decisões, escolhas e mudam nossa vida.

Portanto, cabe a nós leitores, pais e amigos, dimensionar e revelar os efeitos e afetos da literatura na vida das pessoas. Esta ação, que se inicia na sensibilização para a escolha do livro literário, dificilmente ocorre sem o papel de um mediador.

Promover a leitura literária é tarefa para uma pessoa já sensibilizada por ela. Este mediador é quem vai indicar os caminhos e compartilhar o prazer em ler. Formar leitores não é uma tarefa fácil. Exige do sujeito-leitor, um trabalho contínuo e dedicado, a fim de desvendar os meandros do texto na busca dos significados.

Para esta tarefa pede-se a intervenção de um sujeito-promotor-construtor-de-vivências-com-literatura, capaz de colaborar para a formação de outro, o sujeito-leitor-crítico-e-atuante. Ao promove-la, compartilha o que tem de mais raro: seus sentimentos e experiência de vida. Ao ler ou contar histórias para o outro, abrimos o coração e nos tornamos cúmplices, seja daquilo que a história quer dizer, seja dos afetos provocados no ouvinte.

É tempo de olhar para a leitura literária e reconhecer que, a dimensão do sensível ativada por ela, é fundamental para o ato do conhecimento. Através das histórias descobrimos que sofrimento e prazer, alegria e tristeza, não são prerrogativas de poucos, de uma época ou cultura. Esses sentimentos nos lembram, que a busca pela paz e pela liberdade é universal, e que todos nós ansiamos por uma vida de amor, confiança e coragem, livre dos conflitos e dores. Para isto, têm as histórias, para isto, existe a literatura.

*Cléo Busatto é finalista do Prêmio Jabuti em 2016 com o livro “A fofa do terceiro andar” artista da palavra, com mais de 40 obras lançadas que venderam em torno de 415 mil exemplares, autora do livro “A última livraria da minha rua”.

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