A apreciação da vida e o primor das pequenezas

Patrícia Froelich

Nesta coluna quero afrontar o vazio que me/nos toca aos domingos e feriados… vamos juntas(os)? Almejo contrapor o tédio e a reclamação; avisto e invisto na admiração das pequenezas; tateio a vividez dos sentidos e do sentir; ora afugento e ora abraço a tristeza; busco no âmago do meu ser sabores e poesia. Me permito sentir a infelicidade, pois vivenciando-lhe ela passará. Nesse sentido, há um quê de existencialismo nas linhas que se seguem. Nós, seres pensantes, sofremos por excesso de pensar. Outrossim, a responsabilidade de buscar a satisfação no viver é personalíssima e intransferível.

            Na segunda-feira (13) assisti uma palestra com o professor Luciano Marques que adubou as presentes reflexões. Tratava-se de um evento de formação, com prelúdios de autoconhecimento e satisfação profissional. O professor em questão, manejou a fala com bom humor, informação e pitadas de reflexão. Na oportunidade mobilizou referências bibliográficas da psicologia, da filosofia e historietas empíricas. Fiquei confabulando como a rotina nos engole e esquecemos da importância e da gostosura das pequenas coisas.

            Numa sociedade vorazmente ansiosa e depressiva, creio que esse pequeno conjunto de palavras pode acarinhar a alma das(os) leitoras(es); esse é o objetivo aliás. Que delícia um banho bem quentinho e autonomia para fazê-lo, uma comida feita em casa, a oportunidade de caminhar, respirar, sentir aromas, ter integridade mental e emocional; Como é bom chegar em casa, ter uma casa; Que benção poder cuidar dela, né?; Que prazer uma cama limpinha e confortável, cheirando a amaciante, com aquele edredom que se adapta direitinho ao desenho do seu corpo; Coisa boa poder ler um livro, apreciar um vinho ou uma bebida quente… Viver é simples e requer simplicidades, nos esquecemos da bendição que é o existir! Como você tem apreciado a sua vida? Pense numa coisa do seu dia que fez seu ser vibrar! Se foi um dia muito ruim… tudo bem, já passou! Amanhã é um novo dia com novas oportunidades e possibilidades de desfrutar a vida terrena.

Foto: Pixabay

Eu sei o que é a tristeza profunda, o estresse caótico, a dor, a doença crônica, o desespero, a preocupação com o dinheiro, o sentimento de insuficiência, o descontentamento com a autoimagem… Mas hoje, eu quero que olhemos juntas/os para o belo. Quero me/te lembrar das doçuras da vida cotidiana. Pelo que você é grata(o)? Se amanhã você só tivesse aquilo que agradeceu hoje, quantos bens teria? O que te deixa realmente feliz? Por que ou por quem sua pupila dilata (não precisa ser necessariamente o amor romântico e/ou por humanos/as)? Quais são as pequenezas do seu cotidiano que tem valia imprescindível? Quem você abraçou hoje ou quem deixou de abraçar? Aquela saudade que visita teu peito, merece uma mensagem?

Como dito, a apreciação da vida e a visualização do valor das pequenas coisas compete a sua pessoa! Ver o belo é um exercício constante. Há muita dor e ódio no mundo, mas nós podemos e devemos ser o contramovimento. Não é fácil e nos exige mobilização teórica e pragmática, mas é possível e necessário. Encontrar alegria afugenta a depressão e sua parentela. Já tive tal doença na adolescência, é amarga e dolorosa, por isso me lembro com frequência de buscar prelúdios de alegria.

Você tem buscado tatear as arestas da felicidade ou está acomodada(o) na frequência oposta? Tu faz aquilo que te dá prazer ou não há tempo cabível para tal? Como você alimenta as camadas subjetivas do seu ser? Eu não sei o caminho, também sou uma aprendiz, mas tenho uma pista (indicação): Monja Coen- Aprecie a Sua Vida[1]. Busque subterfúgios salutogênicos para viver com sabedoria, intensidade e apreciação. Nós somos responsáveis pela condução da nossa biografia terrena, não pelos acontecimentos em si, mas pela forma que lhe interpretamos e que escolhemos levar a vida. Essa coluna pode ser taxada como piegas. Não tenho problemas com rótulos sob meus escritos. Se você leu até aqui lhe agradeço, de coração. Intenciono que sua vida seja bonita e prazerosa, dentro dos moldes que tais denominações tem para sua pessoa! Obrigada pela companhia neste texto-viagem. Apareça mais vezes!


[1] https://www.youtube.com/watch?v=QyLYljR2g4A&t=1s

Deixe um comentário