Patrícia Froelich
Inicialmente muito obrigada pelo seu tempo em ler essa coluna, final de ano é uma loucura e tudo fica conturbado, né? Eis que 2022 está se findando e como você se sente com isto? Como é participar de mais encontros familiares? Nestes últimos você vai com prazer ou por mera cordialidade social? O que a ideia de encontrar sua família suscita em seu corpo e nas suas emoções? Amigo oculto, você gosta? O Natal e a virada desencadeiam em nós borbulhas emocionais e é preciso que a terapia e seus derivados estejam ativos para lidar com certa parentela!
É uma época de uva passa, peru, panetone, espumante, pavê, rabanada, lentilha, salpicão, cerveja, farofa, arroz à grega, salada, pudim, churrasco, maionese, sorvete, chocolate, presentes, confrarias, balanços do ano, plantio de projetos, traquejos sociais, etc. Em outras palavras, estamos em um período em que precisamos fazer muita digestão, no sentido literal e figurativo. Certo é que necessitamos, por vezes, de um chá concentrado de boldo e quiçá proclamar em alto e bom tom ‘não gostei do que você falou, foi desrespeitoso, melhore em 2023’!
Comumentemente nós desejamos que as festas de final de ano sejam boas e sua insígnia verse sobre alegria e renovação. Outrossim, também surgem perguntas e comentários não solicitados acerca de filhos/as, corpo e peso, casamento, piadinhas machistas, considerações importunas sobre seu trabalho e/ou sobre sua forma de levar a vida… Como você lida com esse arsenal festivo? Você serve mais bebida alcoólica, doces ou já consegue abstrair desses antiquados grilhões societais? Quem é você nesses rituais de passagem?
Fazemos reflexões sobre a forma que lidamos com o ano que se encerra, certo? Nesse balanço nos cobramos ainda mais ou já conseguimos ter um olhar gerencial e carinhoso sob nossas limitações e potencialidades? Quanto do julgamento social está em nós incrustado? Reproduzimos ou tolhemos comentários indecorosos sobre o corpo de outras mulheres? Questionamos a duplicação da carga de trabalho feminino nesse período ou achamos normal que caiba a nós mulheres providenciar o feitio da ceia e banquetes de virada? O que esperar do próximo ano que se avizinha? Como burilar nossa presença e atuação no mundo?
Pessoalmente considero as festas de final de ano como termômetros da sociedade, sinalizando, por variados momentos, quanto nos falta de educação, de cultura e de empatia. Muitas celebrações que deveriam ser agradáveis se tornam extremamente maçantes. Me questiono constantemente se o faço também. Nesse sentido o autoconhecimento precisa fazer parte da nossa rotina tal como escovar os dentes ou tomar banho. A mudança começa em nós e por nós!
Este texto problematizou sobre as festividades em curso, os julgamentos sociais e as complexas relações intrafamiliares. Como essa tríade de temas ressoa para você? A ceia de Natal foi festiva ou indigesta por lá? Deixe seu comentário ou crítica acerca deste texto e/ou das festas de final de ano. Mais uma vez obrigada pela sua leitura, você é sempre bem-vindo (a) aqui! Um brinde a nossa existência: amor, saúde, paz, força, alegria, discernimento, reflexão, comidas gostosas, feminices e descanso em sua vida! Nos encontramos na próxima semana, ou melhor, nos vemos após a festa de réveillon?